A CNQ-CUT e as Redes de Trabalhadores


A constituição das redes de trabalhadores está entre as principais prioridades da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT). Nós participamos desde a primeira fase do projeto CUT Multi. No início apenas com duas empresas: Basf e Unilever. Hoje, temos consolidadas redes de trabalhadores em três outras empresas: Bayer, Akzo Nobel e Novartis e mais 20 empresas do ramo químico relacionadas para a criação de redes.

Nas cinco redes de trabalhadores já consolidadas, produzimos boletins informativos com periodicidade regular, mantemos reuniões constantes com as direções das empresas, estabelecendo o chamado diálogo social e em duas delas (Bayer e Basf) já existem comissões de fábrica.

É claro que um projeto dessa envergadura apresenta dificuldades, problemas de integração entre as unidades, etc. Entretanto, o mais importante é constarmos que as redes de trabalhadores são hoje uma realidade em nosso ramo e que existe uma política clara da CNQ de apoio à constituição dessas redes.

Para que a formação das Redes de Trabalhadores alcançasse êxito, foram também fundamentais as ações dos sindicatos do ramo químico e das Comissões de Fábrica. Eles abriram espaço para a discussão do tema, destacaram dirigentes para coordenar esses trabalhos, participam de ações conjuntas com a Confederação e incentivam e promovem a participação da categoria nessas redes.

A importância das redes de trabalhadores

As Redes de Trabalhadores representam um importante processo de aproximação e de troca de experiências e de estreitamento dos laços de solidariedade entre os trabalhadores das diferentes unidades das empresas instaladas no país.

Elas rompem o isolamento da categoria, facilitam a circulação de informações entre os trabalhadores e contribuem para que acordos localizados tornem-se referências nacionais, o que é muito importante num país com as dimensões geográficas e com tantas disparidades regionais como o Brasil.

Outro aspecto importante: as redes são também uma poderosa ferramenta para fomentar a organização a partir do local de trabalho, pois se constituem num espaço privilegiado para a discussão de problemas locais e de incentivo à participação organizada. Pelo caráter internacional, as também pautam as discussões localizadas sob um prisma abrangente, o que politiza e abre novas perspectivas a essas dciscussões.

Elas também exercem um importante papel de integração internacional, à medida que permitem a troca de experiências entre trabalhadores de diversos países, os quais analisam os problemas comuns, conhecem as questões específicas de outros, enfim, integram-se e reforçam a solidariedade de classe, além das fronteiras.

A integração internacional propicia ainda um avanço rumo à globalização de direitos, pois, quando agem organizadamente, elas têm maior poder de pressão para exigir que direitos dos trabalhadores em multinacionais, restritos a determinados países, estendam-se a outras nações, onde essas empresas atuam.

A consolidação das Redes de Trabalhadores do Ramo Químico ainda deverá percorrer um longo caminho. Acredito, entretanto, que nesta nova direção da CNQ-CUT, teremos capacidade e condições políticas e estruturais de duplicar o número de redes , além de melhorar o trabalho naquelas redes já existentes.

Este é o desafio da CNQ e dos sindicatos do ramo. Enfrentaremos e venceremos esse desafio.