A boataria sórdida das gerências da Petrobrás


É preciso que se diga com todas as letras: uma sórdida campanha de boataria está sendo gerida pela Petrobrás para tentar desqualificar os trabalhadores punidos em razão de terem cumprido o indicativo aprovado pela categoria para a greve de março.

Não há modo mais ameno para dizer. É exatamente isso o que empreende a empresa neste momento, por meio dos seus gerentes e por alguns poucos empregados mais comprometidos com ganhos pessoais do que com os coletivos.
A companhia busca pressionar pela assinatura do Acordo da Categoria, que desde o início das negociações foi condicionado pelos trabalhadores à retirada das punições. Para manter aceso o alarme de que o petroleiro que cumpre o indicativo pode se arrepender, a empresa considera questão de honra manter as punições, mesmo que nenhuma denúncia formal tenha sido feita contra os petroleiros, nenhuma irregularidade tenha sido cometida e nenhuma investigação independente tenha sido feita.

O Sindipetro-NF tem convicção absoluta de que as punições não encontram nenhum abrigo na legitimidade. Os trabalhadores, ao contrário, é que foram provocados pelo embarque antecipado de tropas pelegas, pelo corte nas comunicações — ferindo um direito fundamental, crime que ainda não gerou punição para a Petrobrás —, pelo assédio dos gerentes e pelas demais práticas antissindicais que se seguiram, como o desembarque para cursos constrangedoramente patéticos. 

A tensão nos momentos que antecederam ao início da greve foi, portanto, provocada pelo próprio desespero da Petrobrás e esteve presente, na verdade, nas ameaças, gritarias e desrespeito dos gerentes. Do lado da categoria, o indicativo era claro, legítimo e pacífico: fazer a greve com controle da produção. A empresa, por sua vez, decidiu ocupar as salas de comando com as equipes de contingência antes do horário. O que fez diferença em PRA-1, P-12 e P-19 é que, nestas unidades, petroleiros comprometidos com a luta foram corretamente mais resistentes no cumprimento estrito do indicativo, aprovado soberanamente pelas assembleias, e não entregaram sem contestação a produção aos pelegos. Sob o ponto de vista da categoria, estes trabalhadores são exemplos, e não o contrário.

A empresa tenta, agora, colocar toda a categoria contra estes trabalhadores, o que até é compatível com a sua prática antissindical usual. Mas os trabalhadores de todo o país precisam ter consciência de que, se caírem nesta armadilha, estarão entregando para o sacrifício justamente aqueles que mais se empenharam na defesa dos interesses coletivos, abandonando-os de modo vil e, até mesmo, politicamente contraproducente (já que estaria aberto o precedente de perseguição autorizada pela categoria para as futuras mobilizações).

Uma das boas tradições da categoria petroleira é não deixar nenhum companheiro para trás no campo de batalha. E não será diferente agora. De norte a sul do País, os petroleiros mantém erguida a bandeira: com punições, não tem acordo.