Agência Reuters, por Sabrina Lorenzi e Jeb Blount
Um novo vazamento de petróleo no campo de Frade, na bacia de Campos, levou a Chevron a pedir autorização à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para suspender toda sua produção na área, numa decisão que paralisará as atividades da empresa como operadora no Brasil se o órgão regulador aprovar.
A companhia informou nesta quinta-feira que um pequeno volume de óleo aflorou de fissuras do fundo do oceano a 3 quilômetros da região onde ocorreu o primeiro vazamento.
Em novembro do ano passado uma quantidade estimada entre 2,4 a 3 mil barris de óleo vazaram do campo de Frade durante atividades de perfuração da companhia.
A Chevron tomou conhecimento de novas bolhas de petróleo na superfície no campo de Frade no dia 4 de março, segundo disse um executivo da empresa nesta quinta-feira.
A empresa informou, por nota, que apenas “algumas pequenas bolhas foram vistas na superfície” nesta quinta-feira.
A empresa informou ainda que “dispositivos de contenção foram imediatamente instalados para coletar gotas, pouco frequentes… a Chevron Brasil está investigando a ocorrência”.
NOVA AUTUAÇÃO
A Chevron foi autuada pela ANP mais uma vez, por não ter tomado as medidas exigidas pelo órgão regulador para evitar um novo vazamento, segundo disse a agência nesta quinta-feira, por meio de uma nota.
A companhia já enfrenta uma série de notificações da reguladora e do Ibama, além de ações na Justiça em função do vazamento de petróleo no ano passado sem ter tomado providências adequadas, segundo as autoridades brasileiras.
A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disse na última terça-feira, após concluir investigação sobre o incidente ocorrido há quatro meses, que a agência decidiu manter a decisão de proibir a Chevron de realizar novas perfurações.
A decisão de pedir a suspensão das atividades em Frade foi tomada em conjunto com a Petrobras e o consórcio japonês Frade Japão Petróleo, parceiros da Chevron no campo, informou a empresa americana em comunicado.
A produção de Frade soma 61,5 mil barris/dia de petróleo.
“A decisão foi tomada como medida de precaução em virtude da recente informação de que a Chevron identificou um novo e pequeno afloramento de óleo no campo e um rebaixamento do terreno em uma área próxima”, justifica a companhia em comunicado.
A Chevron tem 51,74 por cento de participação no campo Frade; Petrobras possui 30 por cento e a Frade Japão Petróleo Ltda., uma joint-venture com a INPEX, Sojitz e JOGMEC, 18,26 por cento.
“A empresa vai realizar um amplo estudo técnico e preparar um estudo complementar para o melhor entendimento da estrutura geológica da área, trabalhando com seus parceiros e buscando todas as aprovações necessárias junto à ANP”, acrescentou a Chevron.
O novo vazamento deve estar vindo de fissuras no fundo do mar e não do poço da Chevron que foi abandonado após o vazamento ocorrido em novembro, afirmou à Reuters a assessoria de imprensa do órgão regulador brasileiro.
A ANP ainda não informou o volume do óleo que vazou no local, mas pondera que deve ser uma pequena quantidade, dado o tamanho da mancha que surgiu na região.
QUESTÃO DE MESES
A companhia pediu à agência reguladora para suspender temporariamente as operações em campo de Frade.
Em entrevista coletiva, um executivo da companhia disse nesta quinta-feira que espera que a suspensão das operações no local seja uma “questão de meses”.
A Chevron, porém, não alterou nenhum plano de investimento no Brasil, afirmou Rafael Jaen Williamson, diretor de assuntos corporativos da companhia norte-americana.
A assessoria de imprensa da ANP informou que a agência vai verificar se a Chevron cumpriu adequadamente todos os procedimentos de cimentação do poço onde houve vazamento.
(Edição de Fabíola Gomes e Alexandre Caverni)