Sindipetro-BA envia carta ao presidente da Petrobrás como forma de repúdio às ações antissindicais

Durante o movimento grevista iniciado no dia 16, a Petrobrás utilizou interditos proibitórios e manteve trabalhadores em cárcere privado na Rlam e no Terminal da Transpetro.





Imprensa da FUP

Nesta terça-feira, 22, representantes do Sindipetro – BA enviaram uma carta ao presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, como forma de repúdio às práticas antissindicais praticadas pela empresa e suas subsidiárias na Bahia, desde o inicio da greve deflagrada na última quarta-feira, 16 e temporariamente suspensa, no sábado, 19, até a reunião do Conselho Deliberativo da FUP, que acontece hoje, no Rio de Janeiro.

Durante o movimento grevista, a Petrobrás se utilizou de interditos proibitórios para impedir a greve no Conjunto Pituba, onde funciona a sede da empresa, em Salvador, na Universidade Petrobrás e no Coorporativo Financeiro (Cofip). Além disso, na Refinaria Landulpho Alves (Rlam) e no Terminal Madre Deus (Temadre), a Petrobrás e a Transpetro mantiveram os trabalhadores confinados por mais 64 horas e utilizaram helicópteros para enviar equipes de contingências a estas unidades. Durante o confinamento, o sindicato recebeu inúmeros telefonemas de trabalhadores, que informaram o estado de estafa, problemas de saúde, ameaças e todas as formas de assédio para que continuassem dentro das unidades. O Sindipetro – BA denunciou à Secretaria Regional do Trabalho a prática de cárcere privado na Rlam e no Temadre, bem como os riscos de acidentes de trabalho e ambiental em função do cansaço, da sobrecarga de atividades a que são expostos os petroleiros que estão sendo mantidos na refinaria e no terminal.

Saiba mais sobre a greve da Bahia aqui.

Leia a carta de repúdio às práticas antissindicais enviada ao presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli: 

 

21 de novembro de 2011 

 

Ao

Ilustríssimo Senhor Presidente da

Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás

José Sérgio Gabrielli,

O SINDICATO DOS PETROLEIROS DA BAHIA – SINDIPETRO-BA vem através da presente carta demonstrar seu repúdio às práticas de atos antissindicais proferidas pelas Empresas do Sistema Petrobras (PETROBRAS, TRANSPETRO e PBIO) durante a greve dos trabalhadores no Estado da Bahia.

 

O Sindicato notificou as Empresas da deflagração da greve pelos trabalhadores no dia 11 de novembro. O movimento paredista iniciou-se no dia 16 de novembro do corrente ano, conforme definido no “comunicado de greve”. No dia 19 de novembro os trabalhadores definiram pela suspensão da greve até ulterior deliberação.

 

Durante o movimento grevista as Empresas incorreram em diversos atos antissindicais que foram denunciados aos órgãos públicos, como Superintendência Regional do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho.

 

Infelizmente, as práticas de atacar o movimento sindical organizado não cessaram sequer após a suspensão da greve. Na data de hoje, 21 de novembro de 2011, o dirigente sindical, Sr. Deyvid Souza Bacelar da Silva, lotado da RLAM, dirigiu-se ao seu local de trabalho para desempenhar o seu labor, quando para sua surpresa não conseguiu registrar sua entrada no ponto eletrônico, pois o seu crachá sinalizava “inválido local”. O dirigente, mesmo sem registrar o ponto, dirigiu-se ao seu local de trabalho para desempenhar seu mister e para comunicar o ocorrido à gerência. Contudo, em poucos minutos, foi “convidado” a se retirar da Unidade por um dos seguranças da Companhia. Logo em seguida fomos comunicados da mesma prática ocorrida com dois outros dirigentes, de nomes: Allan Almeida Santos e Alberto Jorge.

É lamentável e condenável o ato da Petrobrás de retirar o trabalhador de seu local de trabalho sob escolta.

Independente das notificações formais, as gerências da Petrobrás já sabiam das deliberações da suspensão da greve, e mesmo que tal suspensão não tivesse ocorrido, o bloqueio e expulsão dos dirigentes sindical sob escolta do seu local de trabalho só destacam as práticas antissindicais da Companhia.

É costume da Petrobras de impedir o acesso dos dirigentes sindicais à empresa à época de greves, a fim de evitar o convencimento dos trabalhadores que se encontravam dentro do perímetro da empresa para participarem das greves, como se greve não fosse um direito, mas apenas obrigações.

Os dirigentes sindicais ao terem seu acesso negado ficam limitados a porta das Unidades e vias públicas, e de lá são atacados com instrumentos diversos, como interditos proibitórios, ações judiciais que deveria preservar a posse, mas que são manuseados para coagir as lideranças sindicais, com solicitação e uso de força policial, o que nos remete a lembranças obscuras dos tempos da ditadura, cujas cicatrizes ainda não se fecharam, pois a cidadania plana não será alcançada com tantos desrespeitos aos direitos dos cidadãos e, em especial, dos trabalhadores.

Por fim, encerramos essa Carta lembrando à Companhia que a sua grandeza foi construída pelos esforços dos seus trabalhadores e que o movimento sindical não olvidará esforços para garantir o pleno direito à greve, a liberdade de organização e associação dos trabalhadores, e lutará com todas as suas forças para combater os atos antissindicais como os acima relatados.

 

Cordialmente,

 

Paulo César C. Martin

Coordenador Geral