Operários do maior pólo petroquímico da América Latina encerraram a paralisação na última sexta-feira (18)
Nesta sexta-feira (18), os trabalhadores que atuam na expansão do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), voltaram ao trabalho após demonstrar que não há truculência que resista à mobilização.
Os operários encerraram a paralisação que começou no último dia 8 após arrancarem um acordo que inclui como principais itens a elevação do abono salarial para R$ 160, o fim da coparticipação no pagamento dos planos de saúde e o custeamento de viagens para visita aos familiares, tanto para aqueles que estão alojados, quanto para os que vivem em repúblicas e atuam nas obras. Dos dias parados, ficou acertado que apenas quatro serão compensados, um a cada mês.
O único ponto pendente foi a equiparação dos salários aos de outros operários de empresas da região. Tema que certamente fará parte da mesa em fevereiro, mês da data-base da categoria.
“Avaliamos que foi uma greve vitoriosa, porque mesmo fora da data-base e sem tempo para tramites legais de lei de greve, conseguimos abrir um espaço para negociar, conquistamos avanços e um abono que serve como paliativo até entrarmos de vez na nossa campanha salarial”, diz Marcos Hartung, secretário de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Madeira (Conticom).
Terceirização é precarização – Apesar de vitoriosa, a mobilização escancara a forma truculenta como as empresas terceirizadas tratam os trabalhadores, sem abrir um canal de diálogo e negando-se a cumprir o que foi acordado com a contratante direta, nesse caso, a Petrobrás.
“O consórcio não quis negociar e a resposta do sindicato patronal foi a ação no TRT”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Mobiliário de São Gonçalo, Itaboraí e Região, Manoel Vaz, no início da greve.
Já o coordenador do Grupo de Trabalho da Montagem Industrial da Conticom, Amilton Santos, também alertou que mesmo a postura da estatal não é nada animadora. “A Petrobrás diz contrata serviço, não trabalhadores. Ou seja, eles não se envolvem nesse problema”, aponta.
O início da solução desse problema deve chegar em breve: após muita pressão da CUT, um grupo tripartite formado por trabalhadores, empresários e governo deve divulgar no final do mês um Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Construção, que trata de temas como a representação sindical no local de trabalho e práticas sindicais.