“Se nós não investirmos no bloqueio de acidentes, o Brasil será penalizado por várias mortes num grande acidente industrial…”
Antes da intervenção do presidente José Sérgio Gabrielli no Fórum Nacional de SMS, realizado no último dia 06, o presidente do Sindipetro Caxias e diretor da FUP, Simão Zanardi, foi contundente em suas declarações. Afirmou que cansou de ver trabalhadores morrendo e de frequentar o Hospital da Força Aérea do Galeão (HFAG) para ver pessoas que estavam queimadas e à beira da morte. Destacou o caso da jovem Técnica de Operação Renata Benigno que sofreu acidente na Reman, ficou dez dias internada e morreu após ser transferida para o HFAG, no Rio de Janeiro.
Simão garantiu que, como diretor jurídico da FUP, vai fazer um novo enfrentamento com a Petrobrás. Relatou que tem um processo contra um dos diretores presentes em razão do assassinato ocorrido na P-34 onde um trabalhador morreu. “Eu perguntei a esse mesmo diretor, há alguns anos atrás, quantos helicópteros iriam cair para a gente fazer o pré-sal e para construir as plataformas? Quantos trabalhadores teriam que morrer…”. Simão afirmou que está tudo calculado, que vários trabalhadores irão morrer e que o diretor já sabe que vai matar gente. Um dos lemas da Secretaria de Saúde da FUP nos últimos anos foi: “a Petrobrás acidenta, adoece e mata seus trabalhadores!”, mas como a Petrobrás é um patrimônio do povo brasileiro, mudou o lema para “os gerentes da Petrobrás acidentam, adoecem e matam seus trabalhadores!”
Diante do olhar atônito dos presentes, Simão continuou: “São esses gerentes que estão aqui que são os culpados pelas doenças ocupacionais que não são citadas, pelas mutilações nos acidentes e pelas mortes. Eles é que deveriam ser réus. Se esse país fosse sério, muitos que estão aqui estavam na cadeia, porque têm responsabilidade criminal sobre os acidentes.”
O presidente do Sindipetro Caxias disse ainda que avisou a parlamentares presentes a uma audiência pública no Congresso Nacional, há duas semanas, que o Brasil está à beira de um grande desastre industrial. “Durante o governo do presidente Lula, a ordem era explorar para a gente chegar à autossuficiência do petróleo. E nós conseguimos a autossuficiência. Comemoramos a autossuficiência. Com muitas mortes. Agora nós temos que ter a autossuficiência de refino para abastecer o mercado. As nossas refinarias estão sucateadas e, a qualquer momento, por falta de segurança no processo, irão explodir. Em algumas dessas 11 refinarias, muitos trabalhadores irão morrer. E não venham me falar que é mais um acidente industrial na história do petróleo. É assassinato!”
Por fim, fez um apelo emocionado ao presidente da Petrobrás e aos diretores presentes: “Se nós não investirmos no bloqueio de acidentes, o Brasil será penalizado por várias mortes num grande acidente industrial, ainda esse ano, se não forem tomadas as providências que a FUP e seus sindicatos apontam.”