As rachaduras na política de energia nuclear da Europa resultantes do desastre de Fukushima ficaram expostas na quarta-feira, depois que a Suíça decidiu pela desativação de suas usinas nucleares…
Artigo de Leigh Phillips – The Guardian, publicado originalmente na Carta Maior
As rachaduras na política de energia nuclear da Europa resultantes do desastre de Fukushima ficaram expostas na quarta-feira, depois que a Suíça decidiu pela desativação de suas usinas nucleares, com os britânicos estendendo as suas e os franceses atuando para diminuir os níveis das checagens de segurança.
O Reino Unido, com o apoio da França e da República Checa, negociaram para que ataques terroristas fossem excluídos da lista de novos testes de segurança das usinas nucleares sugerida depois dos vazamentos de radiação nos reatores de Fukushima causados pela tsunami que atingiu o Japão em março.
O gabinete suíço defendeu a aposentadoria dos cinco reatores nucleares do país e o uso de novas fontes de energia para substituí-los. A recomendação será debatida no parlamento, com a decisão esperada para junho, com os reatores podendo ser desativados entre 2019 e 2034.
Os reguladores europeus fecharam um acordo sobre "provas de estresse" que as 143 usinas nucleares do continente devem suportar de desastres naturais, porém ataques terroristas foram excluídos em função do argumento britânico de que o assunto se encontra dentro da competência das autoridades de segurança nacional e não compete à Comissão Europeia ou a reguladores nacionais de energia nuclear.
"A razão pela qual excluímos o terrorismo dos testes foi, principalmente, embora não seja 100%, em função da resistência do Reino Unido", disse um funcionário da UE". As autoridades britânicas afirmam que há uma diferença entre os tipos de segurança. O grupo anti-nuclear verde Greenpeace também acusou o Reino Unido de liderar a oposição à inclusão de ataques terroristas nos critérios de simulação de segurança .
As divisões na Europa sobre a energia nuclear se ampliaram depois de Fukushima, com a Grã-Bretanha e a França seguindo como firmes apoiadores, enquanto que a Itália suspende planos para a construção de novas fábricas e a Alemanha passa a dar passos rumo a uma eliminação gradual.
As plantas devem agora provar que pode resistir a terremotos e outros desastres naturais piores que os do passado, como um terremoto de magnitude oito em vez de seis, embora uma definição precisa de "maior margem de segurança" fique a cargo do reguladores nacionais.
"Uma das lições mais importantes a ser tirada é que o impensável pode acontecer – que duas catástrofes naturais podem acontecer, ao mesmo tempo", disse a comissão ao anunciar o acordo.
Mas as catástrofes geradas pelo homem se provaram o ponto de discórdia. Cenários como acidentes aéreos e explosões perto de uma usina serão incluídos nos critérios de prova de estresse, mas, no que foi uma vitória para Londres, a questão dos ataques terroristas deve ser tratada separadamente por especialistas em anti-terrorismo e oficiais de segurança nacional.
Uma fonte do Reino Unido disse: "Nós sempre aprovamos as avaliações de segurança e risco, mas questões de segurança deve permanecer reservadas a especialistas em segurança nacional. Eu não acho que isso seja diluir os critérios de modo algum."
Os testes, que começam em junho, exigirão dos operadores das usinas respostas a um questionário sobre os vários cenários, com base em estudos de engenharia. As entidades reguladoras nacionais avaliarão se os relatórios são aceitáveis, e estarão sujeitos a um processo de revisão por equipes de sete membros do Grupo dos Reguladores Europeus da Segurança Nuclear.
A comissão não tem poder legal para fechar usinas nucleares e depende de pressão popular uma vez que os resultados sejam publicados no final de abril de 2012.