Um médico da refinaria impediu o afastamento de um trabalhador acidentado com queimadura química no olho…
O descaramento e a falta de vergonha da gerência e dos médicos da Reduc chegaram ao limite na última semana. Numa demonstração de total descaso com a saúde do trabalhador, um médico da refinaria cassou o atestado, emitido por um oftalmologista, de um empregado acidentado com queimadura química no olho esquerdo. Tudo para não caracterizar o acidente com afastamento. O médico se curvou à orientação da incompetente gerência da refinaria, atingindo sua meta de não deixar nenhum empregado se afastar do trabalho, mesmo que com risco à sua saúde. Essa prática já está gerando um clima de animosidade entre os médicos e os demais empregados, o que pode ter consequências imprevisíveis.
O acidente
Na segunda-feira, 18 de abril, um Técnico em Química do Petróleo sofreu um acidente de trabalho no Laboratório, ao ter sua vista esquerda atingida por respingo de uma mistura de clorofórmio e metanol, embora estivesse portando EPI completo, inclusive óculos de segurança. Encaminhado pela Reduc a um especialista de uma clínica credenciada em Botafogo, o trabalhador recebeu atestado médico para afastamento de suas atividades pelo prazo de 3 dias, receituário para medicação e recomendação de repouso em local escuro. Ocorre que o médico da refinaria, preocupado apenas em garantir seu avanço de nível e contrariando o parecer do especialista, determinou que o acidentado continuasse trabalhando mesmo sem a necessária condição de saúde para isso.
O Sindicato solicitou, então, uma nova avaliação do acidentado. Na quarta-feira, 20 de abril, o trabalhador foi encaminhado à mesma clínica em Botafogo e o especialista constatou lesão na parte inferior da córnea, concedendo um afastamento de 6 dias para repouso e solicitando o retorno para nova avaliação na segunda-feira, 25. Outro médico da Reduc atendeu o acidentado nas dependências da refinaria no dia 25 de abril, encaminhando-o para outro oftalmologista, mas o gerente de SMS impediu a saída do empregado da empresa que, somente após ameaça do Sindicato em denunciar cárcere privado, foi liberado por ordem do Gerente Geral.
Também na segunda-feira, 25, a gerência de SMS emitiu uma CAT sem afastamento. O Sindicato já encaminhou ofício à Reduc solicitando a constituição de um Grupo de Trabalho para analisar o acidente e a emissão da CAT com afastamento, tendo em vista a fraude praticada mais uma vez para esconder a gravidade e manipular a estatística dos acidentes.