O pronunciamento será transferido para um local fechado, provavelmente o Theatro Municipal do Rio de Janeiro…
A Cinelândia não será mais o palco do indesejado discurso que o presidente norte-americano, Barack Obama, pretende fazer no domingo (20), no Rio de Janeiro, durante sua visita ao Brasil. Alvo de protestos dos movimentos sociais, de partidos políticos e de inúmeras lideranças, o pronunciamento será transferido para um local fechado, provavelmente o Theatro Municipal do Rio de Janeiro — que também fica na região central da cidade.
Apesar da mudança, a agenda de manifestações contra Obama está confirmada e foi decisiva para o recuo. Os americanos chegaram a exigir a presença de seus atiradores de elite na Cinelândia — o que irritou até o Itamaraty.
Segundo o jornalista Kennedy Alencar, da Folha.com, a própria presidente Dilma Rousseff “ficou contrariada com a decisão do colega americano de discursar no Rio de Janeiro”. Segundo ele, “cresceu nos últimos dias a tensão entre os diplomatas brasileiros e americanos a respeito da organização da viagem, sobretudo em relação ao discurso no Rio”.
“Já faz algumas semanas que o Palácio do Planalto vem tentando dissuadir a Casa Branca. Primeiro, auxiliares da presidente manifestaram dúvida em relação ao êxito de público do comício de Obama numa praça pública. Depois, alegaram que haveria dificuldade para garantir toda a segurança necessária ao homem mais poderoso do mundo. Por fim, foi revelado aos americanos que Dilma achava estranha a ideia. Reservadamente, um ministro chegou a dizer que equivaleria a um discurso da brasileira na Times Square de Nova York”, escreve Kennedy.
Militares do Exército ocupam desde o início desta manhã pontos estratégicos do centro do Rio, como parte do esquema de segurança para a vista de Obama. Soldados da Brigada de Infantaria Paraquedista estão localizados, por exemplo, em pontos das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco.
Um veículo blindado militar está posicionado na Avenida Rio Branco, a principal do centro do Rio, próximo à Biblioteca Nacional, em frente à Cinelândia. Homens do Exército também fazem parte do esquema de segurança, ao lado de policiais federais, estaduais e agentes do Serviço Secreto da Casa Branca. Em Brasília, o esquema de segurança ganhou o reforço do Corpos de Bombeiros e da Polícia Militar.
No Rio, antes de fazer o discurso, Obama deverá visitar o Cristo Redentor junto à mulher, Michelle, e às filhas Malia, de 10 anos, e Sasha, de 7. Devido a esse esquema de segurança paranoico, eles encontrarão um Cristo completamente isolado, sem turistas e funcionários. Devido ao bloqueio do monumento, até equipes de limpeza e ascensoristas foram dispensados — o que obrigará a própria equipe do presidente a operar os elevadores que dão acesso ao pé da estátua.
A Arquidiocese do Rio, que administra o santuário do Cristo Redentor, passará o controle do espaço à equipe de Obama no fim da noite de sábado. Os seguranças terão liberdade para realizar o reconhecimento da área, varreduras e ações de patrulhamento antes da chegada da família do presidente. A família Obama também pretende ir, ainda, à Cidade de Deus, na zona oeste.
Manifestações
Apesar do apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), a presença de Obama não sensibilizou as forças progressistas. Segundo as entidades — que lançaram o manifesto “Obama é persona non grata no país” —, a visita faz parte de um conjunto de estratégias de Washington para tentar reverter o cenário de crise vivido pelos Estados Unidos hoje.
Os protestos terão três eixos — ou palavras-de-ordem: “Obama: são muitas guerras para quem fala em paz!”, “Obama, go home!” e “Obama, tire as mão do nosso pré-sal!”. Nesta sexta (18), às 16 horas, será realizada uma passeata da Candelária à Cinelândia.
Já no domingo (20), as entidades organizam ações diversificadas durante o pronunciamento de Obama. As manifestações acontecerão em diversos pontos da cidade e deverão utilizar humor e sarcasmo para expressar seu repúdio e indignação.