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Com informações do Sindipetro-NF
(fotos de Álvaro Marcos/Imprensa do NF)
A Conferência é uma realização do Sindipetro-NF
Dirigentes da FUP e sindicalistas brasileiros e estrangeiros participam da Conferência Sindical Internacional sobre Segurança no Trabalho Offshore, que o Sindipetro-NF realiza em Macaé. O coodenador da FUP, João Antônio de Moraes, está presente ao evento, assim como os diretores Marlúzio Ferreira Dantas, Anselmo Ruoso e Chico Zé. A Conferência foi aberta na noite desta terça-feira, 15, quando os petroleiros relembraram os dez anos do acidente na P-36, que causou a morte de 11 trabalhadores e afundou a maior plataforma da Petrobrás na época.
O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, presente ao evento
O coordenador do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, afirmou que o evento demonstra a prioridade que a categoria passou a dar à luta pela segurança, especialmente após a tragédia da P-36. Ele fez uma referência especial em relação ao papel das viúvas dos petroleiros mortos no acidente, que o sindicalista chamou de "guerreiras da P-36". José Maria ressaltou que somente quando o petroleiro vê o efeito real da tragédia é que consegue ter a real dimensão da insegurança no trabalho.
O coordenador do Sindipetro-NF disse ainda que a categoria não pode se conformar quando um trabalhador fica mutilado ou perde a vida. "Não faz parte do negócio, como querem nos fazer crer os gestores da Petrobras".
O diretor da FUP, Anselmo Ruoso, lamentou que as negociações que envolvem segurança e terceirização são as mais tristes, pois "a cada ano se computam mortes e mais mortes em todo o sistema Petrobrás, sendo a metade na Bacia de Campos".
O presidente da CUT-RJ, Darby Igaiara, afirmou que "foi muito difícil acompanhar a agonia da plataforma que estava afundando, mas não pela pela plataforma. Na verdade, o que afundavam ali eram vidas, trabalhadores como nós".
Para o representante da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ/CUT), Cairo Garcia, "a Petrobrás está jogando muita sujeira para debaixo do tapete" e "pouquíssimos se empenham em falar na segurança, na vida, mas aqui na Bacia de Campos, tem-se a iniciativa de tratar do assunto".
Também participaram da solenidade de abertura da Conferência a presidente do Dieese, Zenaide Onório, e o vereador do PT de Macaé, Danilo Funke.
Sindicalistas estrangeiros falam sobre segurança no trabalho em seus países
Os debates da Conferência Sindical Internacional sobre Segurança no Trabalho Offshore tiveram início na manhã desta quarta-feira, 16, com participação de sindicalistas estrangeiros, que relataram suas experiências na luta pela segurança.
O diretor da FUP, Marlúzio Ferreira Dantas, participa da mesa de debate da Conferência
Participam Norma Gomez, do Sindicato dos Eletricitários do México; Kim Nibarger, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos e Petroleiros dos Estados Unidos; Guillermo Pereyra, do sindicato dos Petroleiros da Argentina; e José Maria Rangel, coordenador geral do Sindipetro-NF.
Os debates da Conferência Internacional continuam na parte da tarde e prosseguem amanhã no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé. Promovido pelo sindicato, o evento marca os dez anos da tragédia da P-36, que matou 11 petroleiros em março de 2001.
A Rádio NF está transmitindo ao vivo o evento através do portal www.radionf.org.br.
Nove das 11 viúvas de petroleiros mortos na P-36 participam da Conferência
Das 11 viúvas dos petroleiros mortos no acidente com a P-36, nove estão participando da Conferência Sindical Internacional Segurança no Trabalho Offshore. Ivani Couto, viúva do operador Ernesto de Azevedo Couto, chamou a todos de "companheiros" e disse que assim poderia se referir aos trabalhadores presentes, uma vez que todos a reconheciam pelo nome, diferentemente da Petrobrás, para quem ela afirmou ser a "pensionista número 135.888".
"Onze ficaram na P-36, mas e os outros cento e tantos que foram desembarcados? Como está a cabeça desse povo? Eles se sentem seguros? Eles falam: mãe, filho, papai vai, mas será que volta?", questionou.
Marilena Dias de Sousa, viúva do petroleiro Josevaldo Dias de Sousa, agradeceu pelo sindicato e os petroleiros da região manterem viva a memória da tragédia. Para ela, "emprestar a nossa voz pode servir de mudanças, abracei este ideal porque acredito nisso", destacando que nesta década houve alguns avanços na questão da segurança em razão da luta dos trabalhadores.
"Há alguns avanços sim. O direito de recusa foi um. As interdições de plataformas também. A petrobras é nossa e não queremos manchar a sua imagem, mas queremos que ela respeite a vida", disse.
Ela leu um poema que escreveu nesta madrugada, no horário exato quando se completava uma década da tragédia, e provocou grande emoção entre os participantes. O texto está disponível aqui.