Mais de 85% das vítimas estavam expostas a condições de trabalho precarizadas, em função da terceirização…
Imprensa da FUP
Dia 15 de março de 2001 é uma data que os petroleiros jamais esquecerão. Há dez anos, uma sequência de explosões na P-36, na Bacia de Campos, causou a morte de 11 trabalhadores e fez afundar a maior plataforma da Petrobrás na época. O acidente transformou-se em símbolo da falência de um modelo de gestão neoliberal, que foi intensificado pelos tucanos/PSDB ao tentaram sucatear a estatal, preparando-a para a privatização. Ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000, eles reduziram a menos da metade o efetivo próprio da Petrobrás; terceirizaram atividades essenciais; cortaram e flexibilizaram uma série de direitos da categoria e impuseram uma política de SMS autoritária, voltada para garantir os lucros dos acionistas e culpar os trabalhadores pelos desastres ambientais da empresa.
Nestes últimos dez anos, o governo alterou os rumos da Petrobrás, os petroleiros recuperaram na luta vários direitos, mas os gestores da empresa pouco avançaram em duas questões que andam lado a lado e impactam milhares de trabalhadores: o SMS e a terceirização. As gerências locais continuam dando as cartas, atropelando acordos e a própria legislação. Enquanto isso, as unidades são transformadas em autênticas bombas relógio, alimentadas por um exército de trabalhadores expostos a condições precárias de saúde e segurança. Os números falam por si só: após a P-36, mais 145 petroleiros foram mortos em acidentes na Petrobrás, dos quais, 125 eram trabalhadores terceirizados.
A complacência da direção da empresa com esta carnificina consolida e aprofunda políticas de SMS e de terceirização que perpetuam modelos de gestão neoliberais e autoritários. Vide a reação das gerências diante das reivindicações, mobilizações e enfrentamentos dos trabalhadores que denunciam esses absurdos. Quantas outras P-36 serão necessárias para que a Petrobrás reconheça que é urgente alterar drasticamente seus modelos de gestão? Até agora o contingente de trabalhadores mortos após o fatídico dia 15 de março de 2001 já equivale a mais de 13 tragédias do porte da P-36. Mais de 85% das vítimas estavam expostas a condições de trabalho precarizadas, em função da terceirização.
Fórum de SMS
Em resposta à pressão da categoria na campanha salarial do ano passado, a Petrobrás se comprometeu a realizar um fórum com os seus gestores e os representantes da FUP e dos sindicatos para debater a política de SMS da empresa e as propostas dos trabalhadores. A Federação propôs os temas que devem ser abordados nas mesas de debates e cobrou a participação do presidente e da diretoria da Petrobrás, assim como de todos os gerentes executivos de SMS.
Sindipetro-NF realiza conferência internacional sobre segurança no trabalho offshore
Para marcar os dez anos do acidente com a P-36, o Sindipetro-NF realizará uma Conferência Internacional Sindical para debater Saúde e Segurança do Trabalho Offshore. O evento será realizado entre 15 e 17 de março, na sede do sindicato, em Macaé (RJ), com participação de representantes de várias entidades sindicais, nacionais e internacionais, além de órgãos de fiscalização e estudos ligados à segurança do trabalho.
A entrada é aberta a todos os interessados, não sendo necessária inscrição. A conferência será realizada no auditório do Sindipetro-NF, que fica na Rua Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257 – Centro, Macaé/RJ.
Veja a programação:
15 de março
18:00h – Abertura do evento – Saudação aos Delegados por parte da ICEM, CUT, CNQ, FUP (João Antônio de Moraes) e SINDIPETRO/NF
19:00h – Apresentação Teatral
16 de março
9:00h – 1º Painel: ORGANIZAÇÃO SINDICAL E CONDIÇÕES DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO – Exposição de sindicalistas de: Brasil: José Maria Rangel (Sindipetro/NF); Argentina: Guillermo Juan Pereyra; Daniel Ruiz; Nigéria: Igwe Achese; Elijah Okougbo; Noruega: Stein Bredal
13:30h – Almoço
15:30h – Debates
19:00h – Apresentação de Filmes
17 de março
9:00h – 2º Painel: FISCALIZAÇÃO ESTATAL DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO: Fundação Oswaldo Cruz (Dr. Francisco Pedra); Ministério Público do Trabalho (Procurador João Batista Berthier); Justiça do Trabalho (Desembargador Marcos Cavalcante); Agência Nacional do Petróleo – Coordenadoria de Segurança Operacional (Raphael Neves Moura); Capitania dos Portos (Walter Eduardo Bombarda); Ministério do Trabalho e Emprego – Secretaria de Inspeção do Trabalho (Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque); U. S. Chemical Safety Board (Vidisha Parasram, Mark Griffon, Amanda Johnson); Especialista em Segurança no Trabalho da Universidade Autônoma do México (Dra. Norma Gomez)
11:00h – Debates
13:30h – Almoço
15:30h – 3º Painel: A MOBILIZAÇÃO DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO – Exposição de sindicalistas : Brasil: José Maria Ferreira Rangel; Argentina: Guillermo Juan Pereyra; Daniel Ruiz; Nigéria: Igwe Achese; Elijah Okougbo; Noruega: Stein Bredal
19:00h – Encerramento