XI Fórum Social Mundial: FUP esteve presente em Dacar
Imprensa da FUP
Dirigentes da FUP e petroleiros que atuam como articuladores do projeto MOVA-Brasil estiveram em Dacar, no Senegal, participando das atividades do Fórum Social Mundial, que foi aberto domingo, 06, com uma marcha que reuniu cerca de 50 mil militantes sociais e ativistas políticos de 123 países, além da Palestina e Curdistão. Entre milhares de africanos, latino-americanos, europeus, asiáticos e outros povos do planeta, os petroleiros chamavam a atenção para a imensa bandeira do Brasil que carregaram ao longo da marcha, que percorreu cerca de dez quilômetros entre o centro de Dacar e o campus da Universidade Federal Cheikh Anta Diop, que abriga as principais atividades do Fórum.
O Brasil é muito querido pelos africanos, que em todos os debates e declarações citam o país como exemplo de projeto político que tem avançado na luta para reduzir as desigualdades sociais. Não é a toa que os brasileiros são a segunda maior delegação do Fórum. A África, como não poderia deixar de ser, tem o maior número de participantes. Segundo os organizadores do evento, são mais de 60 mil pessoas inscritas.
É a segunda vez que o Fórum Social Mundial é realizado no continente africano. O primeiro foi no Quênia, em 2007. “O Fórum é um espaço de resistência a um sistema global que acreditamos ser opressor para todos e a África faz parte dessa resistência”, declarou o senegalês Taoufik Ben Abdallah, membro do Conselho Internacional do Fórum.
“Grande parte da humanidade olha para a África como quem olha pela janela de um hotel cinco estrelas e não como quem olha para o espelho, como deveria ser, já que toda a história mundial tem seu espelho na África”, declara o sociólo brasileiro, Emir Sader, um dos organizadores do Fórum.
Ventos progressistas da América Latina
Os debates deste XI FSM giram em torno de 12 eixos temáticos, que abordam democracia, soberania alimentar, justiça social, autodeterminação dos povos, respeito às diversidades culturais, religiosas e étnicas, sustentabilidade ambiental, educação, paz entre as nações, entre outras questões que mobilizam a agenda política dos movimentos sociais em todo o planeta.
Os levantes na Tunísia, Egito, Jordânia e Iêmen também estão na ordem do dia das mesas de debate desta décima primeira edição do Fórum Social Mundial, que nasceu em 2001, em Porto Alegre, no Brasil, para fomentar e articular as lutas políticas e sociais por modelos de desenvolvimento que se contraponham ao neoliberalismo. A busca por um “outro mundo possível” continua, mas já gerou mudanças importantes como a consolidação na América Latina de projetos políticos progressistas, que são fruto da agenda proposta pelo movimento. O exemplo do Brasil e de outros países do continente que romperam com o chamado Consenso de Washington, confirma a falência do modelo neoliberal e a urgência de um Estado forte e regulador, que possibilite alternativas concretas de transformação social.
“Assim como a África foi colonizada e submetida, a América Latina também foi invadida pela Europa, que para ali foi aniquilar povos indígenas”, comparou Evo Morales, em seu discurso na abertura do Fórum. “Hoje vivemos um processo de libertação na América Latina, uma etapa de descolonização profunda para chegar à verdadeira liberdade. E se somos presidentes anti-imperialistas é graças à luta de nosso povo”, disse o presidente boliviano.
A presidente Dilma Rousseff foi representada pelo ministro chefe da Secretária-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que ressaltou a importância do Brasil ouvir e partilhar experiências com outras nações. Em seu pronunciamento aos participantes do Fórum, ele destacou que “governo nenhum salva país algum” sem ouvir a sociedade. “A crise internacional só confirmou que era preciso estabelecer novas relações econômicas, sociais e políticas no mundo. E o fórum foi esse laboratório”, declarou.