Petroleiros continuam à mercê da insegurança na Bacia de Campos

Os trabalhadores das plataformas têm denunciado uma série de situações de risco que, em alguns casos, poderiam terminar em tragédia…





Com informações do Sindipetro-NF

A FUP e o Sindipetro-NF continuam na luta por condições seguras de trabalho na Bacia de Campos. Os trabalhadores das plataformas têm denunciado uma série de situações de risco que, em alguns casos, poderiam terminar em tragédia. Foi o que aconteceu, por exemplo, no dia 13, durante um vôo para a plataforma P-53. Por pouco não caiu no mar o helicóptero que fazia o transporte dos trabalhadores para a plataforma.

“Como vocês sabem, a P-53 tem grande restrição com o voos quando o vento esta acima de 20 nós. No referido dia, a aeronave pousou mesmo com ventos de 26 nós, carga cheia e rajadas acima de 30 nós. Resumindo, a aeronave pousou com muito sacrifício e sorte, já que ficou a praticamente três metros para cair no mar”, relatou ao Sindipetro-NF um trabalhador que estava a bordo da aeronave.

Mesmo assim, foi feita a troca de turma. Mas quando o helicóptero tentou decolar novamente, “ficou uns três segundos no ar e baixou rapidamente, mais ainda para o canto do helideck, a 1,5m para cair no mar. O piloto pediu para que três pessoas saíssem. Eles saíram, e o helicóptero saiu com muito sacrifício e susto por parte de todos”, continuou o petroleiro.

O piloto informou aos passageiros que teve que fazer o procedimento em razão de o vento estar mais forte do que o que fora informado pela plataforma, e que a situação poderia ficar muito pior. Ainda de acordo com relato dos trabalhadores, o piloto explicou que se a gerência da unidade tivesse informado corretamente a velocidade do vento, a aeronave deveria ter voado com metade do peso que levou e, ainda, teria que fazer o pouso com um rebocador puxando a plataforma para uma situação tal que o vento cortasse o helideck perpendicularmente.

A causa do problema, segundo o Sindipetro, é um erro de projeto na posição do heliponto da plataforma P-53, já denunciado pelo sindicato, desde o início da operação da unidade. No mesmo dia da ocorrência, em um voo anterior, a tripulação havia decidido não pousar na plataforma, em razão dos riscos.

 Segurança de vôo

O Sindipetro-NF entrou em contato com a gerência responsável pela segurança de vôos da Petrobrás na Bacia de Campos. De acordo com o gerente Sérgio Morett, o caso específico será averiguado, mas antecipava que “as informações passadas de bordo, para o Transporte Aéreo, são imprescindíveis para a programação dos vôos, principalmente no caso da P-53 que opera com restrições e a depender da intensidade do vento, da direção, da aeronave, etc, o vôo pode ser até cancelado”.

Segundo ele, no entanto, “o fato da tripulação deslocar a aeronave para a lateral do heliponto não caracteriza risco, mas sim uma alternativa para encontrar um vento de proa, com a menor turbulência possível, o que facilita em muito a decolagem. Quanto a decisão de retirar pax [passageiro] da aeronave, para torná-la mais leve, é uma decisão correta e prudente”.
 
O próprio gerente afirma que “tivemos muitos conflitos de informações meteorológicas enviadas pelas plataformas, o que resultou num procedimento de exigir que passassem a emitir por escrito e com assinatura do Geplat. Esta foi uma decisão para minimizar o problema, pois a aeronave decolava das bases com valores de pitch, roll e heave e no momento do pouso, em alguns casos, a tripulação tinha que arremeter pelo excesso de balanço”.
 
NF não admite operação sem segurança
 
O Sindipetro-NF mantém a denúncia sobre as condições desfavoráveis do heliponto da P-53 e questiona a decisão de continuar a operação em condições limite. Além disso, neste caso, precisa ser apurada a responsabilidade sobre o envio de informações incorretas sobre as condições meteorológicas.
 
Alarme não funciona durante explosão na P-19
 
No último dia 16, uma explosão seguida de incêndio em P-19 provocou dificuldades operacionais na plataforma em uma ocorrência onde falharam os dispositivos de alarme. A produção está reduzida a 50%.
“Foi liberado um serviço a quente nas proximidades do suspiro de um tanque de produto químico inflamável. O produto é um desemulsificante. Este tanque estava sendo abastecido e ocorreu uma explosão seguida de incêndio no tanque”, relata um petroleiro, que ponderou, no entanto, que “não ficou comprovado que a explosão foi causada por ignição oriunda do serviço a quente, ainda que seja bastante provável essa hipótese”.
 
Além do alarme não ter funcionado, o sistema de dilúvio funcionou apenas parcialmente, e os trabalhadores tiveram que controlar o incêndio. Uma comissão da empresa investiga o caso. Para o Sindipetro-NF, o caso evidencia mais uma vez a situação de insegurança nas plataformas e mostra a precariedade dos sistemas de alarme e combate a incêndio nas unidades.