CUT define estratégia de luta para fazer valer agenda dos trabalhadores no governo Dilma

Durante encontro da Direção Executiva em São Paulo, central destaca prioridades para influenciar projeto do governo Dilma





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Escrito por: Luiz Carvalho e Isaias Dalle

As ações que forem adotadas durante o processo de transição vão definir o direcionamento do governo Dilma Rousseff. Perante essa convicção, a Direção Executiva da Central Única dos Trabalhadores promove nesta quarta (17) a primeira reunião após a eleição da primeira presidente do Brasil e, no período da manhã para discutir estratégias para defender a implementação da pauta dos movimentos sociais.

Após avaliar o cenário em que se deu a disputa eleitoral, com a tentativa de dividir preconceituosamente o país entre Nordeste/Norte e Sul/Sudeste, com a questão religiosa entrando na pauta e com a tentativa de desconstruir a luta da sociedade brasileira pela redemocratização durante a ditadura militar, o presidente da CUT, Artur Henrique, ressaltou que apesar da continuidade representar uma vitória, o projeto de desenvolvimento continua em disputa.

“Se por um lado, a presidente Dilma terá uma bancada de sustentação maior na Câmara e no Senado que o governo Lula, por outro há um leque enorme de interesses em jogo. As propostas ligadas à classe trabalhadora nem sempre vão bater com o desejo dos que estão lá. Temos que pressionar para garantir nossa interlocução com o governo. Os os grandes banqueiros, os grandes, médios e pequenos empresários têm espaços, ministérios com os quais falar. E nós, vamos falar com quem?”, provocou. “Mais que nomes, queremos discutir as políticas”, completou.

Plataforma de luta e corte no investimento
Para o dirigente, o primeiro passo da central deve ser definir as propostas prioritárias, entre aquelas presentes na Plataforma da CUT para as Eleições 2010, que nortearão a luta da central e serão cobradas dos novos nomes que assumirão as cadeiras no Executivo e no Legislativo. Também permanecem como itens fundamentais na agenda cutista o debate sobre o salário mínimo e dos aposentados, o fim do fator previdenciário, a implementação da agenda do trabalho decente, a ratificação da Convenção 158 – contra demissão imotivada – e as reformas política, tributária, agrária e sindical, com destaque para o fim do imposto sindical.

Artur ressaltou ainda a necessidade de mais uma vez, como aconteceu em 2002 e 2006, combater a agenda negativa que volta à tona por meio da “velha” mídia. “O noticiário já começa a dar ênfase à redução de gastos das empresas privadas por meio da desoneração de impostos, mas empresários não querem reduzir jornada, não querem a Convenção 158. Da mesma forma, os articulistas defendem o corte do investimento em programas sociais, a manutenção do superávit primário, como se vivêssemos uma situação semelhante a de países europeus. A presidente Dilma colocou como principal elemento acabar com miséria, mas isso não acontecerá se não houver distribuição de renda e inclusão social através de políticas públicas”, defendeu.

Lucros a favor do Brasil – Por fim, o presidente cutista indicou a necessidade de voltar a discutir o lucro das empresas e da produtividade. “Os R$ 20 bilhões de lucros dos bancos vão para onde? Para melhorar ferrovias, hidrovias ou apenas para enriquecer o banqueiro? Temos que estabelecer uma política de investimento privado a longo prazo.”

Distribuir renda e qualificar o crescimento
Economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Patrícia Pelatieri afirmou que os números mostram não haver qualquer indício de desaceleração ou de que o Brasil deixará de crescer a curto prazo.

Porém, alertou que a manutenção do cenário externo de crise, com câmbio valorizado, exige do País medidas para ampliar o crescimento para que se transforme em desenvolvimento permanente.

Para isso, defende Patrícia, o movimento sindical deve discutir queda da taxa de juros, estrutura tributária, aumento da capacidade produtiva, investimento em educação e qualificação, seguridade social e, assim como alertou Artur, os lucros das empresas privadas. “Se queremos um País desenvolvido, com distribuição de renda, devemos voltar a discutir os lucros recordes. Qual o patamar que deve ser aplicado? Os empresários tem o direito de colocar quanto quiserem, passar para o preço e aumentar a inflação? Para ser mais desenvolvido, o Brasil precisa também ser mais justo”, determina.