Com Dilma eleita, centrais lutam por salário mínimo de R$ 575

As centrais sindicais – que apoiaram, majoritariamente, a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência…





Vermelho

As centrais sindicais – que apoiaram, majoritariamente, a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência – já se prepararam para apresentar suas reivindicações à sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quinta-feira (4), os representantes dos trabalhadores entregam pauta unificada ao relator do Orçamento para 2011, Gim Argello (PTB-DF).

O movimento sindical cobra aumento de 12,9% para o salário mínimo, que pode chegar a R$ 575,80 – um aumento real de 7%. Pela proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada em agosto, o novo piso seria de R$ 538,15. O reajuste do mínimo nacional valerá a partir de 1º de janeiro.

O aumento proposto pelo governo apenas repõe a inflação do período, já que em 2009 o Produto Interno Bruto (PIB) ficou negativo por causa da crise global. A ideia, segundo as centrais, é garantir o reajuste acima da inflação.

Estudo feito pela subseção do Dieese na Força Sindical, a pedido dos sindicalistas, propõe somar à inflação prevista de 5,5% o PIB de 2010, estimado em 8%. Desde 2006, a fórmula de reajuste negociada entre as centrais e o governo era inflação do período mais o PIB de dois anos anteriores.

“Vamos tentar fazer um acordo com o relator para que a proposta já entre no Orçamento, que será apresentado na sexta”, disse o deputado federal reeleito Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), que também é presidente da Força Sindical.

Para o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, é preciso levar em conta a ótima recuperação da economia brasileira pós-crise. “Mesmo que o PIB tenha zerado, o aumento real tem que ser mantido neste ano também. Em 2010, o desempenho da economia foi positivo para os acordos coletivos em geral.”

De acordo com Paulinho, as centrais concordaram com a proposta, que em agosto tinha sido fechada em R$ 560 (reajuste de 9,8%). Porém, o índice foi calculado na época com projeção de 4% de aumento real e 6% de PIB, considerado hoje pelos sindicalistas abaixo do ideal.

“Mas, se tudo der errado, vamos propor uma emenda no Congresso para tentar os 12,9%. Até acho que será difícil vincular com o Orçamento, mas o governo pode aprovar uma medida provisória. O que não dá é para o mínimo ficar sem aumento”, afirmou.

Outra justificativa para o aumento real é o impacto na renda dos 45,9 milhões de trabalhadores ou aposentados que recebem o piso. Pelo estudo, com a reposição da inflação, o aumento no salário seria de R$ 28,20, e o impacto de R$ 17,08 bilhões. Já com a proposta atual, a diferença na renda seria de R$ 65,80, que representa um impacto de R$ 39,8 bilhões na economia.

“Garantir a proposta significa melhorar a renda, valorizar aposentadorias e empurrar para cima o piso das demais categorias de trabalhadores que ganham acima do mínimo. Vamos continuar a brigar no Congresso para que a política de reajuste do salário mínimo até 2023 vire lei”, diz Juruna.