Quem será a próxima vítima da política de (In)segurança da Petrobrás? É a pergunta que os petroleiros…
Imprensa da FUP
Quem será a próxima vítima da política de (In)segurança da Petrobrás? É a pergunta que os petroleiros se fazem cada vez que um companheiro ou companheira perde a vida em um acidente de trabalho na empresa. Esse questionamento, provavelmente, foi feito várias vezes pelo técnico de operação Miraldo da Silva Leal, ao longo dos 26 anos em que trabalhou na Petrobrás. No último dia 11, ele passou a ser mais uma vítima das omissões, negligências e irresponsabilidades dos gestores da empresa com a vida dos trabalhadores. Miraldo, 48 anos, casado, pai de três filhos, teve morte instantânea durante a explosão de um compressor em uma estação da Unidade de Operação e Produção de Araçás, na Bahia. O acidente deixou dois trabalhadores terceirizados feridos: Luciano dos Santos Lima e Eduardo dos Santos Neto, que estão internados em estado estável.
Mais uma tragédia anunciada. Mais uma vida perdida. A dor de perder um companheiro, um amigo, um parente em um acidente como este é revoltante. Independentemente da cor do crachá e do vínculo de trabalho que havia com a Petrobrás. A dor é a mesma e a responsabilidade da empresa, também. Ou pelo menos deveria ser. Os gestores da Petrobrás têm por obrigação zelar pela vida e saúde de todos os trabalhadores, sejam eles próprios ou terceirizados. Os riscos são os mesmos, mas as condições de trabalho são diferenciadas: nos últimos 15 anos, das 282 mortes por acidentes de trabalho ocorridas na empresa, 227 foram com prestadores de serviço.
Para as gerências da Petrobrás, está tudo bem
A explosão do compressor que causou a morte de Miraldo poderia ter sido evitada se a Petrobrás tivesse uma política responsável de SMS, manutenção e inspeção de equipamentos. Da mesma forma que poderia ter sido evitada a explosão de uma caldeira na Rlam (BA), que causou a morte em março do soldador Eli da Silva Melo, que prestava serviços na refinaria. A empresa, no entanto, continua priorizando lucros e recordes de produção, permitindo omissões e subnotificações de acidentes, menosprezando ocorrências graves e negando-se a atender ou mesmo a discutir com mais empenho as reivindicações das Cipas, sindicatos e FUP. Na reunião da Comissão de SMS, realizada no dia 10, mais uma vez, não houve avanços por parte da Petrobrás.
Podemos mudar esta realidade
A luta por um ambiente de trabalho seguro e saudável deve ser coletiva e priorizada por todos os petroleiros. O direito de recusa é garantido em acordo coletivo, através da cláusula 21, e é um instrumento poderoso para se contrapor à política de insegurança da Petrobrás. As emissões e acompanhamentos de Permissões de Trabalho (PTs) devem ser realizados com absoluto critério, seguindo as regras e normas de segurança previstas na legislação e nos próprios procedimentos internos da empresa, que quase sempre são manipulados e atropelados pelas gerências. As CIPAs e as Comissões Locais de SMS são também fóruns importantes de cobrança e pressão que devem ser fortalecidos pelos sindicatos e trabalhadores.
Vazamento no Terminal de Cabiúnas
No último dia 9, os trabalhadores do Terminal de Cabiúnas, em Macaé, viveram momentos de medo e apreensão. Um vazamento de grandes proporções de LGN (Líquido de Gás Natural) foi contido a tempo, mas todas as unidades do terminal tiveram que ser paradas, por questões de segurança. Segundo informações obtidas pelo Sindipetro-NF, as consequências não foram trágicas porque o vazamento foi detectado logo no início. Uma equipe de seis pessoas da brigada de incêndio teve que entrar numa nuvem de gás com balão de oxigênio para achar o vazamento, pois o sensor de gás e o alarme não funcionaram.