Serra (PSDB/DEM/PPS), por sua vez, tem como principal base de apoio a mais poderosa entidade patronal do país, a FIESP
Imprensa da FUP, com informações da CUT e Dieese
Em um ato político inédito, realizado no último dia 10, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, berço de históricas lutas operárias em São Paulo, as seis centrais sindicais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho – CUT, CTB, Força Sindical, NCST, CGTB e UGT – anunciaram seu apoio à candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) à eleição presidencial. É a primeira vez na história que o movimento sindical brasileiro se unifica em torno de uma aliança política, que será fundamental para evitar o retrocesso e fazer o país avançar nas conquistas da classe trabalhadora e ampliação das políticas sociais.
Para consolidar esta unidade, os dirigentes das seis centrais sindicais convocaram para o dia 1º de junho a Nova Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, que irá discutir um calendário unificado de mobilização em defesa das propostas dos trabalhadores. As eleições deste ano, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a luta por uma nova lei do petróleo são algumas das questões que serão debatidas durante a conferência.
"Democrata de verdade não vê movimento social como caso de polícia"
O auditório do histórico sindicato dos metalúrgicos do ABC paulista ficou pequeno diante das mais de 700 pessoas que compareceram ao ato em apoio a Dilma. Trabalhadores com suas famílias demonstraram na prática que os dois principais candidatos que disputam essa eleição presidencial estão em lados opostos. Enquanto Serra (PSDB/DEM/PPS) tem sua principal base de apoio na mais poderosa entidade patronal do país, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a ex-ministra Dilma Rousseff tem ao seu lado a classe trabalhadora.
"Eu respeito os movimentos sociais porque entendo que são a base da verdadeira democracia. Nós sempre vamos garantir que todos sejam ouvidos", afirmou a candidata. "Democrata de verdade não vê movimento social como caso de polícia", ressaltou Dilma, referindo-se à recente reação de Serra, que ainda governador de São Paulo, orientou as forças de segurança a reprimir, com bombas, cassetetes e balas de borracha, professores que reivindicavam melhores salários e qualidade de ensino.
Mais e melhores empregos
No ato de apoio à Dilma, as centrais sindicais apresentaram um estudo do Dieese sobre os desafios do mercado de trabalho brasileiro. O levantamento feio constata que as conquistas obtidas pelas negociações dos pisos salariais promovidas pelos sindicatos e a política de valorização do salário mínimo – que apresentou aumento real de 53,67% entre 2002 e 2010 – contribuíram de forma essencial para o desenvolvimento do país. A geração de 12 milhões de empregos desde 2003 determinou o crescimento da ocupação e significativo aumento da massa salarial.
Apesar desses avanços e da conseqüente elevação do número de pessoas com carteira assinada, o estudo constata que a rotatividade permanece como um dos principais problemas brasileiros. O levantamento do Dieese demonstra também que enquanto a produtividade cresceu desde o início dos anos 1990, a remuneração real média permaneceu estável, revelando um largo espaço para o aumento dos salários. Para o presidente da CUT, Artur Henrique, é necessária uma política pública de qualificação profissional e distribuição de renda, com mais e melhores empregos em todas as regiões do país. “É fundamental promovermos a reforma sindical que não conseguimos nos últimos oito anos para que tenhamos sindicatos mais representativos e mais preparados para a negociação, com mais organização no local de trabalho e menos práticas anti-sindicais. Também queremos que o próximo governo mantenha uma agenda permanente de discussão com os movimentos sociais”, ressaltou.
Leia aqui a íntegra do estudo do Dieese