O Coordenador da FUP fala sobre o ato em defesa da Petrobrás que reuniu 5 mil pessoas no Rio de Janeiro


Em entrevista ao Jornal Na Base, do Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia, o Coordenador da FUP fala da importância da unidade dos trabalhadores em defesa da Petrobrás e cita as segundas intenções do PSBD em relação à CPI.

Na sua opinião, quais são as verdadeiras intenções dos parlamentares do PSDB ao pedir a instalação da CPI da Petrobras?

 

Quando os tucanos governaram o Brasil deram de bandeja, através das privatizações, ao setor privado e às multinacionais quase todas as nossas riquezas. Apenas não conseguiram privatizar a Petrobrás, devido a grande mobilização da sociedade. Portanto, é isso que está por trás da instalação desta CPI: tentar desmoralizar a Petrobrás para facilitar a sua privatização. Como não conseguiram, resolveram acabar com o monopólio estatal e abriram a exploração das nossas jazidas para as empresas privadas. A atual legislação (Lei 9.478/97) permite que multinacionais explorem e produzam o petróleo e gás do Brasil. Em conseqüência disso, várias estrangeiras já possuem áreas do pré-sal, a maior área petrolifera descoberta no mundo, desde os anos 80. Essa CPI pode causar dificuldades estruturais e de financiamento para a Petrobrás, deixando as multinacionais ainda mais à vontade para explorar o pré-sal.

 

Portanto, não há dúvidas de que a CPI está a serviço das multinacionais petrolíferas, que disputaram o nosso petróleo nos leilões criados pelo PSDB e mantidos pelo atual governo. Inclusive, mesmo com as denúncias de favorecimento e de entreguismo, em relação às privatizações, o governador tucano de São Paulo, José Serra, ainda privatizou a Cesp, a maior geradora de energia do país. O PSDB tem o DNA da privatização e é isso que está por trás da CPI contra a Petrobrás.

 

 O senhor acredita que esta CPI pode ser uma estratégia da oposição visando à eleição presidencial de 2010?

 

Evidente que o PSDB quer também “faturar” em cima dos reflexos da crise financeira internacional, ajudando a criar um clima de desestabilidade econômica. Os atuais investimentos da Petrobrás têm contribuído, em muito, a superar a crise de uma maneira mais tranqüila que outras nações. A campanha do PSDB de colocar o Brasil na crise tem como objetivo desgastar o presidente Lula e seu possível sucessor para as eleições presidenciais do próximo ano. Não é por acaso que o candidato do PSDB é o mesmo José Serra. A disputa eleitoral é legitima, mas utilizar a Petrobrás, patrimônio econômico e social do nosso povo, é muita falta de compromisso com o Brasil. Sem contar que o setor petróleo é estratégico em qualquer país.


Historicamente, cada vez que a Petrobras é ameaçada surge um movimento nacional em sua defesa. E agora, o que podemos esperar dos movimentos populares, sociais, sindicais e de estudantes em relação a este novo ataque da direita?

 

Os movimentos sociais brasileiros construíram uma unidade importante na 3ª Plenária da campanha O Petróleo tem que ser nosso!, que aconteceu nos dias 12 e 13 de maio em Guararema (SP). Além disso, ainda repercute na mídia, o ato nacional realizado no centro do Rio de Janeiro, dia 21/05, que reuniu cerca de cinco mil pessoas, parando a Avenida Rio Branco e abraçando a sede da Petrobrás, num ato simbólico de defesa da estatal. Portanto, o tucanato pode sim ter dado um tiro no pé ao provocar os brasileiros de garra e luta que não hesitam em sair em defesa da empresa.


O senador Papaléo Pães (PSDB/PA), chamou a FUP de pelega por se manifestar contra a instalação da CPI, qual será a resposta do movimento sindical a esta acusação?

 

Quando somos atacados por parlamentares entreguistas entendemos que as nossas ações estão corretas, assim como a nossa representatividade e capacidade de organização da nossa categoria, através da FUP. A nossa resposta foi clara no ato do dia 21, organizado pela Federação, que mostrou, mais uma vez, a credibilidade da nossa entidade perante as organizações sociais e o povo brasileiro.

 

Como foi a participação da delegação baiana no ato do dia 21 de maio no centro do Rio que reuniu mais de cinco mil pessoas ?

 

Os companheiros do Sindicato do Ramo Químico/ Peroleiro (BA) deram um grande exemplo de engajamento nesta luta e patriotismo e foram fundamentais no ato. O sindicato enviou um ônibus com 40 companheiros, que viajaram mais de 40 horas para se somarem à mobilização por uma nova lei do petróleo e contra a CPI privatista. Os mais de cinco mil manifestantes que participaram do ato saudaram a disposição de luta e combatividade do povo baiano.