Redução da jornada, pré sal também são pautas dos agricultores familiares

Com coordenação da secretária de comunicação da CUT, Rosane Bertotti, o 3º Congresso da Federação dos Trabalhadores da Agricultura…





CUT

Com coordenação da secretária de comunicação da CUT, Rosane Bertotti, o 3º Congresso da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Sul promoveu na tarde dessa quinta-feira (25) uma análise de conjuntura.

O secretário geral do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e de Santa Catarina (Sindipetro), Roni Barbosa, citou pontos que fazem parte da pauta geral da central e devem integrar os debates promovidos pelos agricultores familiares.

Ele iniciou apontando que os méritos pelo Brasil vencer a crise foram as apostas do governo federal e da classe trabalhadora em uma agenda positiva. “As marchas que as centrais promovem ao final de cada ano resultaram em uma política de valorização permanente para o salário mínimo, que beneficiou 40 milhões de brasileiros. O povo brasileiro está ganhando mais e investindo na economia. Isso promove crescimento e criação de novas vagas no mercado de trabalho, gerando um ciclo virtuoso.”

O dirigente acrescentou que mesmo em um ano de recessão, 80% das campanhas salariais terminaram em aumento real de salário graças a capacidade de mobilização e organização da CUT, dos sindicatos cutistas e de nossos companheiros.

Em relação aos desafios, Barbosa indicou a necessidade de promover uma melhor distribuição de renda por meio de medidas como a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, que permitiria a mais pessoas ingressarem no mercado de trabalho. “Não há nenhum país no mundo que tenha se desenvolvido sem reduzir jornada. A última redução ocorreu em 1988, com a promulgação da Constituição”, lembrou.

Presidente da CUT-SC, Neudi Giachini, também abordou a importância de reduzir o número de horas trabalhadas, mas pelo viés da saúde. “Para os que estamos nas indústrias e no comércio a mudança significa melhorar a qualidade de vida.  A produção aumento 80%, mas o lucro não foi dividido conosco”, criticou.

Pre sal e plataforma da classe trabalhadora – Roni Barbosa comentou ainda a necessidade de utilizar os recursos do pré sal para investir em áreas fundamentais como educação, saúde e meio ambiente e a importância de implementar um fundo soberano nacional com a participação dos trabalhadores na administração. “A discussão foi desvirtuada para a distribuição de royalties, mas nossa prioridade é construir uma lei que impeça outros ataques à soberania nacional, como permitiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao criar os leilões de petróleo e entregar nossas riquezas ao capital estrangeiro.  Esse é um ponto fundamental para os agricultores familiares porque o financiamento para quem não agride a natureza, para a criação de escolas técnicas em tempo integral pode vir daí”, sugeriu.

Essas e outras propostas devem fazer parte da plataforma da classe trabalhadora que a CUT está construindo para ser entregue aos candidatos nas eleições deste ano.

Autonomia dos agricultores
Para o agrônomo e assessor parlamentar do PT em Santa Catarina, Lino de David, modelos de exploração capitalista como a dos produtores integrados apenas promovem a exploração de quem produz os alimentos. “O mercado já demonstrou nos últimos anos que não pode ser regulador, porque faz movimentos seguindo seus interesses por lucro e os agricultores familiares não podem ficar nas mãos de quatro ou cinco empresas que controlam toda a cadeia produtiva. Para vencer isso, precisamos discutir índices de produtividade, financiamento e tecnologia.”

David voltou a citar a necessidade de pagar por quem presta serviços ambientais. “A discussão sobre a sustentabilidade ambiental envolve remunerar quem protege o meio ambiente. Não podemos esquecer que enquanto um latifúndio produz R$ 1 real por hectare, a agricultura familiar produz R$ 1,8 e ainda é responsável por 75% dos empregos no campo e por 70% dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros. Quem produz comida, água e oxigênio, porque preserva a natureza é a agricultura familiar e por isso deve ser o setor mais protegido por políticas públicas”, defende.