Frente Parlamentar repudia morte de sem-terra no RS

Em nota distribuída nesta segunda (24), a Frente Parlamentar da Terra do Congresso Nacional, que reúne…

Vermelho

Em nota distribuída nesta segunda (24), a Frente Parlamentar da Terra do Congresso Nacional, que reúne aproximadamente 200 deputados e senadores favoráveis à reforma agrária no país, repudiou a ação violenta praticada pela Brigada Militar do Governo de Yeda Crusius (PSDB) que resultou no assassinato do trabalhador rural sem-terra Elton Brum da Silva, 44 anos, ocorrido na última sexta (21) em São Gabriel (RS).

Segundo a nota, assinada pelo presidente da frente, deputado Dr.Rosinha (PT-RS), o colegiado denuncia que “a polícia gaúcha agiu de forma contrária ao que prevê o Manual de Diretrizes Nacionais para Execução de Mandados Judiciais de Manutenção e Reintegração de Posse Coletiva, que restringe o uso de cães, cavalos e armas de fogo em tais operações.”

A frente ainda repudiou as declarações da representante do Ministério Público do Rio Grande do Sul, a promotora Lisiane Villagrande. Na ocasião, ela disse que os policiais teriam agido com “extremo profissionalismo”. “Lisiane, cujo marido é sócio de uma fazenda de 450 hectares em São Gabriel, fez o elogio embora admita ter ficado a uma distância razoável dos acontecimentos”, diz a nota.

O deputado Dr. Rosinha diz que as fotos do corpo do trabalhador sem-terra atestam que ele recebeu tiros pelas costas. “Conforme o depoimento de testemunhas, o assassinato ocorreu quando a situação na fazenda Southall já estava controlada e não havia resistência. Além da morte de Elton Brum, a ação policial resultou ainda em dezenas de feridos, entre eles mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães", afirmou o deputado.

Depois de prestar solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e aos familiares de Elton Brum, a frente parlamentar exigiu que os culpados pela morte e pelos feridos sejam investigados e punidos. Também quer que as famílias acampadas no Rio Grande do Sul sejam assentadas e tenham condições de infraestrutura para trabalhar.

No documento são feitos ainda os seguintes questionamentos:

Onde está a independência do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que elogia uma operação que terminou com a morte de um trabalhador rural?

Que interesses impediram o poder Judiciário local de desapropriar a Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado?

Por que os policiais que participaram da operação portavam armamento letal, inclusive espingardas calibre 12?

Até quando será tolerada a política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores praticada pelo governo tucano de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul?

De Brasília,

Iram Alfaia