Dieese dá boas perspectivas para as negociações salariais

As expectativas para a Campanha Nacional dos Bancários deste ano são boas e as negociações…

CUT

As expectativas para a Campanha Nacional dos Bancários deste ano são boas e as negociações com os bancos, iniciadas na terça-feira (18), devem render bons frutos, como o aumento real de salários. A análise é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O diretor técnico do instituto, Clemente Ganz Lúcio, explica que as negociações salariais das categorias com data-base no primeiro semestre registraram resultados melhores que os apurados em 2008. "Mesmo com a crise, a performance sindical melhorou nos primeiros seis meses do ano. Isso deve se repetir no segundo semestre, principalmente com as negociações que envolvem categorias mais fortes, com presença nacional, como os bancários, metalúrgicos e petroleiros", analisou o economista, durante a 3ª Jornada Nacional de Debates, realizada no Sindicato dos Eletricitários de São Paulo.

Durante o evento, Clemente apresentou os resultados do levantamento feito pelo Dieese com 245 categorias que tem data base no primeiro semestre. Entre elas, o percentual de negociações com reajustes iguais ou acima da inflação ficou próximo a 93%, enquanto em 2008 as categorias que conseguiram este desempenho positivo giravam em torno dos 87%.

Este quadro confirma que, de maneira geral, a crise mundial teve pouco efeito sobre os resultados dos reajustes nas negociações coletivas. "Em geral, as empresas que fizeram ajustes durante a crise focaram no desemprego e na rotatividade, e não no aumento de salários. Aliás, os empresários têm compensado os reajustes com a rotatividade, que é muito alta no Brasil", explica Clemente.

Os números – Das 245 categorias analisadas, 76,7% tiveram reajustes acima da inflação no primeiro semestre, contra 72,2% em 2008. Conseguiram apenas repor os salários 15,9%, contra 14,7% no ano passado. Apenas 7,3% tiveram reajuste abaixo da inflação; em 2008 foram 13,1%.

Dos três setores de atividade analisados, a indústria foi o que mais sofreu com a redução da atividade econômica causada pela crise internacional, e o percentual de reajustes salariais inferiores à inflação cresceu de 6% em 2008 para 9% em 2009. No comércio, somente um dos 31 acordos assinados por entidades sindicais do setor apresentou reajuste insuficiente para a reposição das perdas salariais em 2009, contra quatro em 2008. O setor de serviços apresenta a maior mudança no quadro dos reajustes salariais. Neste ano, cerca de 72% das negociações analisadas do setor obtiveram reajustes com incorporação de aumentos reais, o que implica um crescimento da ordem de 12 pontos percentuais em relação a 2008 – o maior na comparação entre os setores.