Palestrantes debatem políticas públicas no 1° dia da Pré-Conferência Regional Sul de Comunicação

A Pré-Conferência Regional Sul de Comunicação começou na manhã desta quarta-feira…

CUT

A Pré-Conferência Regional Sul de Comunicação começou na manhã desta quarta-feira [13] com as palestras do doutor em psicologia Pedrinho Guareschi e do professor de comunicação radiofônica e coordenador executivo da rede Abraço [Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária], José Sóter. Mais de cinquenta pessoas, entre dirigentes sindicais, assessores de comunicação, militantes de movimentos sociais, e representantes de transmissoras comunitárias, todos dos três estados da Região Sul, participam do encontro, que acontece de hoje até sexta-feira (15), na Escola Sul, em Florianópolis-SC.

O evento se propõe a formular uma estratégia coletiva para intervir no processo da 1ª Conferência Nacional de Comunicação [Confecom], com debates sobre os temas da agenda do setor de políticas públicas para a comunicação e o papel da CUT e do movimento social no processo da Conferência.

Guareschi começou sua exposição despertando a reflexão do público presente. "Da dominação do saber nascem todas as outras dominações. Daí a importância da Confecom, de se propor a  democratizar os meios de comunicação e o conhecimento. Há mais de dez anos debatemos a necessidade de realizá-la, e quase não saiu, porque não interessa aos donos da mídia". Pedrinho ainda analisou as mudanças comportamentais da sociedade contemporânea. "Kant dizia que o tempo, espaço e distância era a priore do ser humano. Atualmente isso mudou. O tempo é o agora, a realidade é o agora, o ontem não interessa mais. Há um novo sentido de público e privado. Público é onde existe o olho grande da mídia, e o privado é aquilo que não é midiado. E a mídia só transmite aquilo que lhe interessa, sobretudo no que se refere a valores econômicos e controle de opinião pública, mas as principais pautas e agendas são ocultadas. A Conferência que tem se dar conta do que tudo isso acarreta. Tem gente gerando lucro, em detrimento do interesse coletivo".

Acerca do debate estratégico da Confecom, Guareschi foi incisivo. "Será o da propriedade privada dos meios de comunicação. Se alguém detém os meios, acabou-se a liberdade do cidadão. Por isso precisamos de uma Conferência de Comunicação".

O diretor da Abraço chamou a atenção para a priorização da comunicação como instrumento fundamental para a conquista da hegemonia. "Temos grandes entidades, com recursos, que não investem em comunicação. Há que se ter clareza que para democratizar os meios é preciso conteúdo de qualidade, e isso não se dá de graça, necessita investimento. Caso contrário, perderemos a guerra da comunicação".  José Sóter disse ainda ser fundamental utilizarmos os meios de comunicação que temos para mobilizar todos os movimentos sociais, organizados ou não, para debater a comunicação e intervir na Conferência. "É na Confecom que vamos falar de qual sistema de comunicação queremos para a sociedade que almejamos".

Após as palestras, foi aberto espaço para intervenção dos participantes. No período da tarde, a Pré-Conferência Regional Sul continua com exposições de Bernardo Kucinski, professor da USP, e José Torves, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas [Fenaj]. À noite ocorre o lançamento do livro "Bolívia – nas ruas e nas urnas contra o imperialismo", do jornalista e assessor de comunicação da CUT, Leonardo Severo.