Na manhã desta quarta-feira (8/3), 1.500 famílias Sem Terra ligadas ao MST ocuparam…
Na manhã de quarta-feira (8/3), 1.500 famílias Sem Terra ligadas ao MST ocuparam a fazenda Putumuju, da papeleira Veracel Celulose, em Eunápolis, cidade do extremo sul da Bahia. A ação visa chamar a atenção da sociedade para a urgência da Reforma Agrária, que está parada em nosso país, bem como de denunciar os abusos cometidos pelas grandes empresas ligadas ao agronegócio.
Os trabalhadores denunciam a ilegalidade da monocultura de eucaliptos praticada pela Veracel na região, pois ocupa terras devolutas. Os trabalhadores acampados derrubaram cerca de 20 hectares de árvores eucalipto. No momento, o clima no local é tenso.
Histórico de destruição
Em 17 de junho de 2008, a Justiça Federal da cidade de Eunápolis, divulgou no Diário da Justiça Federal da Bahia (no. 42/pág.60) a sentença de uma Ação Civil Pública, proposta pelo Ministério Público Federal em 1993 contra a Veracel Celulose – na época chamada de Veracruz Florestal -, CRA (Centro de Recursos Ambientais) e Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente).
A Justiça Federal condenou a Veracel a restaurar, com vegetação nativa, todas suas áreas compreendidas nas licenças de plantio de eucalipto que foram liberadas entre 1993 e 1996. Significa que uma área de 96 mil hectares, coberta por eucaliptais da empresa, deverá ser reflorestada por árvores da mata atlântica, um dos biomas mais diversos do planeta e, ao mesmo tempo, mais ameaçados do mundo. A empresa também foi condenada a pagar uma multa de R$ 20 milhões (US$ 12,5 milhões) pelo desmatamento da mata atlântica, com tratores e correntão, ocorrido nos seus primeiros anos de funcionamento (1991-1993). A Veracel anunciou que vai recorrer da decisão.
A Veracel Celulose é uma joint venture de duas das maiores empresas do ramo de papel e celulose do mundo: a sueca-finlandesa Stora-Enso e a Aracruz Celulose, cada uma detentora de 50% das ações. A Veracel possui cerca de 205 mil hectares de terras no Extremo Sul da Bahia, sendo cerca de 96 mil hectares de monocultura de eucalipto; sua fábrica de celulose tem produção de cerca de 900 mil toneladas, destinadas à exportação, sendo que metade dessa produção pertence a Aracruz e o restante à Veracel.