Mobilização que pediu também a reestatização da refinaria baiana, foi organizada pelo Sindipetro e fez parte de ato nacional convocado pela FUP
[Da imprensa do Sindiptro BA]
No inicio da manhã desta sexta-feira (24), por volta das 6h, uma grande fila de carros, ônibus e caminhões se formou na BA 523, que dá acesso à Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, na Bahia. O engarrafamento foi reflexo do ato organizado pelo Sindipetro Bahia em protesto contra os aumentos abusivos dos combustíveis e contra o PPI (Preço de Paridade de Importação), adotado como política pela atual gestão da Petrobrás e pela Acelen – empresa que hoje administra a RLAM.
A mobilização fez parte do ato nacional convocado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que aconteceu também em frente às refinarias da Petrobrás nos estados de Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Na Bahia, o ato aconteceu em frente ao Trevo da Resistência e teve a participação de mototaxistas, motoristas de aplicativos e moradores de algumas cidades próximas à RLAM como Camaçari e Candeias. Além do Sitticcan e MST. Trabalhadores próprios e terceirizados da Petrobrás – que ainda atuam na refinaria privatizada, também participaram da mobilização que teve duração de quatro horas.
Além do protesto contra os reajustes abusivos dos combustíveis, os manifestantes pediram a reestatização da RLAM.
Com cartazes nas mãos, pais e mães de família pediam o fim dos reajustes abusivos da gasolina e gás de cozinha, Em um deles estava escrito “o povo de Candeias pede socorro”, em outro, a população pedia “a volta do preço justo do gás de cozinha”, pois “já tem muita gente cozinhando a lenha ou usando o carvão e até mesmo o álcool para cozinhar porque não tem dinheiro para comprar o gás”, lamentavam.
O Coordenador do Sindipetro Bahia, Jairo Batista, alertou sobre as notícias falsas, as chamadas fake news sobre os reais motivos para que os brasileiros paguem um combustível tão caro. “Não é verdade que a culpa dos preços altos do gás de cozinha, diesel e gasolina é dos impostos estaduais, em particular do ICMS. A culpa é da política de Preços de Paridade de Importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás e pela Acelen, pois vincula os preços dos combustíveis no Brasil ao valor do dólar e ao barril de petróleo no mercado internacional. Enquanto as duas empresas continuarem adotando esta política os preços vão continuar subindo velozmente”, explicou.
O botijão inflável com a frase “O gás tá caro? Culpa do Bolsonaro”, utilizado em manifestações pela FUP e seus sindicatos filiados deu o recado de forma direta, mostrando que Bolsonaro é o grande responsável pelo sofrimento do povo brasileiro. “Ele é o responsável pelas donas de casa estarem sendo obrigadas a usar até álcool para cozinhar. Ele é o responsável pelo sofrimento de milhares de mototaxistas, caminhoneiros, motoristas de aplicativos, enfim de todos os trabalhadores que dependem da gasolina e do diesel para ganhar o pão de cada dia. Por quê nos governos de Lula e Dilma os combustíveis eram mais baratos e não eram reajustados a todo momento ? Porque estes presidentes adotavam na Petrobrás uma política de preços mais justa, governavam para o povo e não para os empresários e acionistas”, afirmou Elizabete Sacramento, diretora do Sindipetro Bahia, que também participou do ato juntamente com os diretores Gilson Sampaio, Alexandre, Rosário, Ari e Eliu.
Baianos sofrem com privatização da RLAM
Após a privatização da Refinaria Landulpho Alves, os baianos passaram a pagar o combustível mais caro do país em comparação às refinarias da Petrobrás.
A Acelen, empresa criada pelo grupo árabe Mubadala para administrar a RLAM, hoje Refinaria de Mataripe, já efetuou cinco reajustes do diesel e da gasolina e dois do gás de cozinha desde que a venda da refinaria baiana foi efetivada em 1º de dezembro de 2021. Os reajustes foram feitos nos últimos três meses de 2022.
De acordo com levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Ilhéus, na Bahia, tem o diesel mais caro do país. O produto está sendo vendido na cidade por R$7,980, o litro.
Outro problema que tem afetado o estado é o monopólio privado que foi criado a partir da venda da refinaria baiana. A FUP e o Sindipetro Bahia já haviam alertado para este perigo e, inclusive para a possibilidade de desabastecimento.
Devido aos prejuízos para os baianos e para a economia da Bahia, o Sindipetro ingressou com Ação Civil Pública, na Justiça Federal da Bahia, pedindo a imediata paralisação dos trâmites finais do processo de privatização da antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM) por práticas nocivas à economia local.
Já o Sindicombustível-Ba (sindicato patronal), entrou com uma representação no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para que o órgão informe qual é o limite que uma indústria privada tem na precificação quando atua em um monopólio regional.