Gestão bolsonarista da Petrobrás faz esforço irracional para destruir a empresa
[Da Comunicação do Sindipetro PR-SC]
Pagar para se livrar de um patrimônio lucrativo. É um absurdo tão grande que quase não cabe em uma frase, mas é justamente isso que a gestão bolsonarista da Petrobrás está fazendo com a Usina do Xisto (SIX), localizada na região sudeste do Paraná, a 150 km de Curitiba.
A fábrica tem capacidade instalada para minerar e processar 5.880 toneladas por dia de xisto, uma rocha sedimentar da qual é extraído óleo combustível e gás, o equivalente a 4,7 mil barris/dia. Em 2021 a SIX registrou lucro aproximado de R$ 300 milhões. Porém, em novembro de 2021 a Petrobrás anunciou a assinatura do contrato de venda da unidade por US$ 33 milhões (R$ 170 milhões), pouco mais da metade do superávit registrado pela unidade naquele ano, com o grupo canadense Forbes & Manhattan Resources Inc.
Nada está tão ruim que não possa piorar. Em se tratando de governo Bolsonaro, o bordão soa como mantra. Para entregar a SIX aos canadenses, a Petrobrás e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) negociaram a toque de caixa um acordo para o pagamento de dívidas de royalties da SIX sobre a exploração do xisto referente ao período entre 2002 e 2012. O valor que era cobrado pela ANP via ação na Justiça girava em torno de R$ 1 bilhão, mas no final das contas ficou por R$ 576 milhões.
A pressa em resolver a questão dos royalties devidos pela SIX causa desconfiança. Apenas dois dias após a audiência pública que pautou o acordo, realizada pela ANP em São Mateus do Sul, a gestão da Petrobrás anunciou a venda da unidade. Atores políticos locais exerceram influência junto à ANP para acelerar a resolução do impasse dos royalties e a consequente privatização da Usina do Xisto. É o caso do bolsonarista e ex-deputado estadual Emerson Bacil (PSL). Eleito na esteira dos votos de Fernando Francischini (Solidariedade), que foi cassado pelo TSE cassado por divulgar fake news sobre as urnas eletrônicas, Bacil fez reuniões a portas fechadas na ANP enquanto ainda era parlamentar. O mandato se foi, mas o legado do entreguista permanece.
A diretoria da ANP aprovou, no último dia 10, a versão final do acordo dos royalties da SIX com a Petrobrás, sem sequer responder aos questionamentos da população de São Mateus do Sul feitos na audiência pública. A proposta original previa o parcelamento da dívida em 60 parcelas iguais, mas agora a empresa terá que pagar 25% do montante à vista, ou seja, R$ 144 milhões, quase o valor pelo qual a Usina do Xisto foi negociada com a Forbes & Manhattan. O restante da dívida (R$ 432 milhões) será parcelado em 60 vezes.