Com a presença de trabalhadores do turno e do administrativo, sindicatos de petroleiros de São Paulo também protestaram contra as privatizações das refinarias
[Da imprensa do Sindipetro Unificado SP]
Se a conjuntura está cada dia mais difícil, a reação dos trabalhadores também vem crescendo nos últimos meses. No início da manhã desta sexta-feira (3), a resposta veio por meio de um ato unificado na Refinaria de Capuava (Recap), em Mauá (SP), organizado pelos três sindicatos de petroleiros do estado de São Paulo – Sindipetro-SP; Sindipetro SJC e Região; e Sindipetro LP. Também participaram representantes dos sindipetros de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, além da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Esta é a terceiriza mobilização conjunta da categoria contra as terceirizações no Sistema Petrobrás – a primeira ocorreu na Refinaria de Paulínia (Replan) e a segunda na Refinaria Henrique Lage (Revap). Desta vez, entretanto, o repúdio às privatizações foi somado à pauta de reivindicação.
Isso porque a Petrobrás anunciou, na quarta-feira passada (25), a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), estabelecida em Manaus (AM), para a Ream Participações, veículo societário de propriedade dos sócios da Atem’s Distribuidora de Petróleo, por US$ 189,5 milhões. De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o valor equivale a apenas 70% do valor real da unidade, que é estimado em US$ 279 milhões.
“Precisamos aumentar cada vez mais as mobilizações contra essas privatizações, que vão ocasionar um aumento ainda maior dos combustíveis e poderá gerar desabastecimento de algumas regiões”, afirma o diretor do Sindicato Unificados dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), Felipe Grubba.
Além da Reman, a Petrobrás já havia aprovado, em março deste ano, a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada em São Francisco do Conde (BA), para o grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos. Outras seis refinarias estão na lista de desinvestimentos da atual gestão da Petrobrás.
Na próxima semana, está programa o quarto ato da “Caravana contra a terceirização”, desta vez na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão.
Efeitos da terceirização
Esta semana, a reportagem do Sindipetro-SP publicou a denúncia de que 115 trabalhadores terceirizados da Replan estão sem receber há cerca de 60 dias. Além dos salários, a empresa contratante, a GM Junger Diamond Company Service Ltda., não pagou os custos do refeitório e do transporte, além de não ter fornecido os equipamentos básicos de trabalho.
“É justamente por isso que estamos aqui hoje, para barrar o aumento das terceirizações que todos sabemos os efeitos. Elas precarizam o trabalho, diminuem os salários, pioram os serviços e não dão nenhuma garantia à vida dos trabalhadores”, explica Grubba.
Caso os pagamentos não sejam normalizados até a próxima segunda-feira (6), o jurídico do Sindipetro-SP entrará com uma ação para que a verba retida pela Replan do contrato com a GM seja destinada ao pagamento de todas as pendências trabalhistas dos seus funcionários, incluindo multas rescisórias.
Mobilização nacional
Nesta sexta-feira, petroleiros também realizam atos na Rman e na Refinaria Abreu e Lima (RNest), que está fixada no Complexo Industrial Portuário de Suape, distante 45 quilômetros de Recife (PE). A refinaria pernambucana também está no catálogo de privatização da Petrobrás, mas teve sua primeira tentativa de venda frustrada, já que os potenciais compradores declinaram das propostas, como anunciou a gestão da estatal na última quarta-feira (25).