Gestão da Petrobras continua negando que o contagio pode ter acontecido dentro da refinaria, o sindicato cobra que o número de contaminados seja divulgado para os trabalhadores
[Da imprensa do Sindipetro PR/SC]
Na terça-feira (1/06) aconteceu a sexta morte por complicações da Covid-19 entre trabalhadores da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). A vítima foi o rigger de carga, Ernani Nunes. Ele era funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços para a refinaria.
O Sindicato tem reiterado a importância da Repar apresentar o número de trabalhadores contaminados por covid. A divulgação em boletins epidemiológicos periódicos com o quadro vigente de casos suspeitos, confirmados, recuperados e internações hospitalares foi um dos compromissos assumido e não cumprido pela empresa no acordo mediado pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) para o encerramento da greve sanitária. A omissão dessas informações tem causado preocupação entre os trabalhadores, que ficam sabendo por meios informais dos afastamentos ou dos óbitos decorrentes do cornavírus.
A empresa tem adotado uma postura negacionista sobre a possibilidade de contaminações dentro da Repar, já que acredita estar tomando todas as medidas adequadas de segurança. Quando algum trabalhador testa positivo para o coronavírus, a administração da refinaria alega que a responsabilidade é do mesmo. Ela argumenta que o funcionário contraiu o vírus fora da empresa ou não seguiu as orientações como o uso de máscara, álcool em gel e de manter o distanciamento dentro da unidade. É importante ressaltar que mesmo respeitando esse protocolo, os trabalhadores não tem 100% de garantia que não serão infectados. A gestão se apoia nessas medidas para se livrar do ônus do número absurdo de contaminados, hospitalizados e óbitos.
Entretanto, Luciano Zanetti que é secretário de Saúde, Segurança e Meio Ambiente do Sindipetro PR e SC questionou a responsabilização apenas dos trabalhadores pelas contaminações. “É um absurdo ao ponto em que chegamos. É inadmissível a empresa fugir das suas responsabilidades de zelar pelo meio ambiente do trabalho saudável e jogar todo ônus pro trabalhador que adoecer de covid”, afirmou.
O diretor sindical lembrou que entre as obrigações do empregador está o fornecimento dos EPIs (equipamentos de proteção individual) e que as máscaras distribuídas pela Repar não são as consideradas ideais pelas autoridades sanitárias. “A empresa não forneceu aos seus trabalhadores uma máscara mais eficiente, tipo PFF2 ou N95. Depois de muita luta ela distribuiu apenas para quem está trabalhando na parada de manutenção, os demais continuam com as máscaras de pano”, explicou Zanetti.
Outro alerta feito pelo sindicalista é que mais medidas poderiam ser tomadas para proteger os trabalhadores. De acordo com ele, a empresa não tem realizado testes em funcionários que conviveram com pessoas contaminadas. “Quando o trabalhador tem contato com um caso confirmado de coronavírus a empresa alega que todos estão seguindo os protocolos e que não vai fazer um exame preventivo ou afastar esse trabalhador como possível contactante ou suspeito”.
O Sindipetro PR e SC tem recebido denúncias de que trabalhadores com sintomas gripais, estão sendo liberados para voltar as atividades laborais pelos médicos do SMS, sem fazer uma testagem. “Alguns trabalhadores chegam com sintomas característicos da Covid-19 e o setor médico tem alegado que é apenas um resfriado. Como vamos ter certeza que é apenas um resfriado? Temos sempre que trabalhar na promoção à saúde, precisamos ser conservadores nesse caso, entendendo que o trabalhador pode estar contaminado”, argumentou Zanetti.
O Sindepetro PR e SC tem questionado a realização da parada de manutenção neste momento crítico da pandemia. A avaliação do sindicato é que os serviços poderiam ser suspensos ou pelo menos mitigados até que houvesse segurança sanitária suficiente. É importante ressaltar que a percentagem de pessoas vacinadas no país é baixa e que novas variantes do vírus já foram detectadas no Brasil. O Sindicato continua vigilante às condições dos locais de trabalho e segue fazendo denúncias aos órgãos competentes, tais como as secretarias de saúde de Araucária e do Paraná, o Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) e a Secretaria Federal do Trabalho.