Dois trabalhadores perderam a vida para a Covid-19 no final de semana em unidades da Petrobrás, na Região Sul. Só na Repar (PR), já são cinco mortes relacionadas à parada de manutenção
As refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária-PR, e Alberto Pasqualini (Refap), na cidade de Canoas-RS, tiveram protestos na manhã desta segunda-feira (17) em razão do falecimento de dois trabalhadores relacionados às unidades por complicações da Covid-19.
O bombeiro civil Valdir Duma, terceirizado lotado na SIX, em São Mateus do Sul-PR, foi dar apoio nas atividades de parada de manutenção da Repar. Quando retornou, adoeceu em poucos dias de Covid-19 e foi internado em Hospital de São José dos Pinhais. Morreu na última sexta-feira (14), aos 49 anos.
No sábado (15) à noite, o técnico de manutenção e diretor do Sindipetro-RS Daniel Cristiano Müller, de 43 anos, faleceu também por complicações causadas pelo coronavírus. Ele estava internado em UTI do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba. Havia se deslocado da Refap para trabalhar nos serviços de parada de manutenção da Repar.
Em protesto em defesa da vida e em memória de Daniel e Duma, o Sindipetro PR e SC e o Sindipetro-RS realizaram manifestações em frente às unidades. As vidas ceifadas pela pandemia foram homenageadas e, ao invés de um minuto de silêncio, os petroleiros da Repar fizeram um momento de muito barulho, com palmas, gritos e assovios.
Com as duas mortes, a Repar chega ao número de cinco empregados vítimas da pandemia. Os outros três foram terceirizados. Rodrigo Germano, de 36 anos, faleceu em 22 de março; Marcos da Silva, de 39 anos, em 25 de março; e Carlos Eduardo, de 45 anos, no dia 01 de abril. Em nenhum dos casos a categoria foi informada pela gestão. O Sindicato tomou conhecimento através de amigos e familiares dos mortos.
Enquanto o número de vítimas não para de aumentar, os gestores da Petrobrás de todas as estirpes, de gerente setorial à direção da companhia, seguem com postura irresponsável e negacionista ao manter a parada de manutenção da Repar. Tal procedimento adiciona cerca de dois mil trabalhadores de várias regiões do país na rotina da unidade e, invariavelmente, expõe todos ao risco de contaminação pelo coronavírus.
O Sindipetro PR e SC é contra a realização da parada de manutenção neste momento crítico da pandemia. Os serviços poderiam ser suspensos ou pelo menos mitigados até que houvesse segurança sanitária suficiente. A preocupação, no entanto, não parece ser com as vidas, mas com o cumprimento de contratos.
O Sindicato mantém seu papel de vigilância às condições dos locais de trabalho e segue com denúncias constantes aos órgãos competentes, tais como as secretarias de saúde de Araucária e do Paraná, o Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) e a Secretaria Federal do Trabalho, órgão vinculado ao Ministério da Economia. Porém ainda não obteve ações efetivas das instituições públicas para preservar a saúde dos trabalhadores na Repar.
Atualização!
No fechamento desta matéria chegou a informação de mais uma morte na Refap. A enfermeira Barbara da Silva Andrade, de 38 anos, vinculada à empresa terceirizada NM, não resistiu ao agravamento da Covid-19 e faleceu nesta segunda-feira.
Denuncie!
Qualquer situação de risco de contaminação na Refinaria deve ser comunicada imediatamente ao Sindicato, tais como aglomerações em oficinas, containers, refeitórios, transporte e alojamento, de preferência com registros. As denúncias devem ser feitas através do e-mail denuncia@sindipetroprsc.org.br ou do telefone (41) 3332-4554. Se preferir, trate o assunto diretamente com os dirigentes sindicais nos locais de trabalho.
[Da imprensa do Sindipetro-PR/SC]