O caso de Paulo Roberto Carvalho Júnior, de 53 anos, ex-comandante de navio da Transpetro, pode abrir debate, segundo matéria publicada pelo Uol
“Quantos mais terão que morrer para a Petrobrás cumprir protocolos sanitários corretos, proteger a vida dos trabalhadores e reconhecer o nexo causal entre a infecção por Covid-19 e a atividade profissional?”, indaga o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar , diante do constante descaso da gestão da empresa com a saúde dos petroleiros. Ele espera que a Justiça responsabilize a direção da Petrobrás por morte de petroleiro por Covid-19.
A Petrobrás se recusa a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) em casos de contaminação por Covid em suas plataformas. Mas uma ação judicial sobre a morte do petroleiro da Transpetro Paulo Roberto Carvalho Júnior, de 53 anos, promete abrir debate na Justiça do Trabalho sobre a responsabilidade de empresas em casos de Covid-19,de acordo com matéria publicada pelo Uol neste final de semana. O ex-comandante do navio João Cândido se contaminou embarcado e morreu. No fim de novembro, ele começou a sentir sintomas da doença, mas somente em 5 de dezembro conseguiu chegar em um porto de São Sebastião, em São Paulo. Foi internado, intubado e morreu em 16 de dezembro.
O petroleiro Paulo Roberto engrossa a trágica lista de 80 mortos por covid -19, contaminados em unidades da Petrobrás, segundo denúncias recebidas pela FUP.
“É inadmissível vidas perdidas em função do descaso da gestão da Petrobrás, que descumpre determinações de lei e de acordo coletivo de trabalho, como a jornada de no máximo 14 dias embarcado. Além de mortes, há situações de trabalhadores sobreviventes da Covid-19 que ficaram com lesões permanentes, e tiveram que se aposentar por deficiência respiratória e outros males consequentes”, afirmou Bacelar.
Ele destacou que a determinação da Petrobrás contra a emissão da CAT vai na contramão de recentes decisões que apontam nexo causal entre a infecção e a atividade profissional, caracterizando a contaminação pelo coronavírus como doença laboral.
No último dia 4, os petroleiros do Norte Fluminense, ligados ao Sindipetro-NF, iniciaram a Greve pela Vida, reivindicando a adoção de medidas de segurança e protocolos sanitários recomendados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como o uso de máscaras adequadas para todos e testagens. Dois dias depois do início da greve, a Petrobrás voltou a oferecer testes em três postos terrestres da empresa, em Macaé. Desde o dia 22 de abril a empresa não estava testando essas equipes alegando problemas de contrato com fornecedores. Para cobrir a falha, o Sindipetro-NF vinha disponibilizando testes RT-PCR em convênio com um laboratório da cidade.
“Todas as semanas recebemos apelos desesperados de trabalhadores e trabalhadoras denunciando casos de Covid-19 em plataformas da Bacia de Campos. São pessoas que ficam 14 dias ou mais nesses ambientes, tempo suficiente para que uma pessoa que chegue contaminada a uma plataforma infecte várias outras. Estamos registrando surtos em diversas unidades nos últimos meses, com desembarque urgente de dez, 20 ou mais trabalhadores”, diz o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra.