Repar registra três mortes por Covid-19 em dez dias. Categoria prepara greve sanitária

Já são três mortes por Covid-19 na refinaria e a empresa sequer se manifesta. Pior ainda, causa mais aglomerações com os serviços de parada de manutenção. Há evidências de que a contaminação da última vítima ocorreu dentro das instalações da Repar

[Da imprensa do Sindipetro PR/SC]

A preocupação com as condições de segurança na refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, aumenta a cada dia. A unidade soma três mortes de trabalhadores por Covid-19 nos últimos dez dias, todos eram jovens.

Há mais de um ano o Sindipetro PR e SC cobra da Petrobrás acesso às informações sobre a pandemia nas suas instalações e a aplicação de medidas de proteção para evitar a disseminação do coronavírus entre os trabalhadores.

As respostas sempre foram superficiais e a postura negligente da empresa ganhou traços de desprezo à vida com a insistência da gestão da Repar em realizar a parada de manutenção, mesmo com o agravamento da crise sanitária e o colapso dos sistemas público e privado de saúde.

O gigantesco procedimento industrial foi iniciado no último dia 29 e deve aumentar a partir de 12 de abril. Significa adicionar cerca de dois mil trabalhadores na rotina da unidade. Cabe ressaltar que os serviços de pré-parada, com cerca de 800 profissionais em oficinas de manutenção e outros ambientes compartilhados, estão em andamento. As aglomerações, principais vetores de transmissão do vírus, são inevitáveis, sobretudo nas áreas industriais, andaimes, equipamentos e oficinas, nas quais já foram percebidas concentrações de pessoas.

As informações do mais recente boletim de monitoramento sobre a pandemia no Sistema Petrobrás, do Ministério de Minas e Energia, apontam que foram registrados 331 casos de contaminação nas unidades da Petrobrás no Paraná e Santa Catarina, com três mortes. Os dados, infelizmente, estão desatualizados, pois não contabilizam o falecimento de mais um trabalhador terceirizado da Repar, no início da tarde de quinta-feira (01), vítima da Covid-19.

Diante desse cenário, a luta coletiva dos petroleiros transcende de patamar e se torna questão de sobrevivência. “Deve acontecer uma greve sanitária se não houver uma grande mudança de postura da empresa sobre as condições das instalações e cuidado com as pessoas que circulam na Repar”, avalia Alexandro Guilherme Jorge, presidente do Sindipetro PR e SC. Ele acrescenta que é de extrema importância que as denúncias da base, feitas desde o início da pandemia, continuem. “Através desses relatos conseguimos munir o Ministério Público do Trabalho e a Delegacia Regional do Trabalho, assim como as secretarias de saúde de Araucária e do Paraná, com informações sobre a situação na refinaria”.

Fica a pergunta aos gestores da Repar: quantas vidas precisam ser ceifadas para a suspensão da parada de manutenção?

O Sindicato pede mesa de negociação com a gestão desde a primeira morte por Covid-19 na refinaria, o que não foi atendido até agora. Na Regap ocorreram quatro mortes e a parada foi suspensa sem prazo de retorno. O Sindipetro PR e SC exige, no mínimo, o mesmo tratamento que foi dado na unidade de Minas Gerais.

Morte por contaminações dentro da Repar

A mistura de sentimentos de tristeza e revolta paira sobre os trabalhadores da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, com a informação da morte de Carlos Eduardo Correa dos Santos (Cadu), aos 45 anos, na tarde da última quinta-feira (01).

Casado e pai de gêmeos, um menino e uma menina, o supervisor de controle de qualidade da empresa Service Engenharia, contratada para a parada de manutenção da Repar, foi a terceira vítima da Covid-19 na unidade dentro do período de dez dias.

A tristeza vem naturalmente da perda de um companheiro. Já a revolta é motivada pela postura da gestão, que sequer teve a sensibilidade de informar o falecimento à força de trabalho.

Também fica escancarado o desprezo da empresa perante os que ficam, pois mantém os serviços da parada de manutenção da Repar, mesmo diante do pior momento da pandemia do coronavírus. O procedimento industrial adiciona à rotina da refinaria centenas de trabalhadores e causa, inevitavelmente, aglomerações por todos os cantos.

Há evidências de que a contaminação de Cadu, como era conhecido na área, ocorreu dentro das instalações da refinaria, uma vez que outros funcionários da terceirizada testaram positivo para a Covid-19.

O corpo foi sepultado na sexta-feira (02), no município de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre-RS, terra do Cadu.

O Sindipetro exige a suspensão da parada de manutenção da Repar para que as notícias de mortes na unidade deixem de se repetir.

Aos familiares e amigos do companheiro Carlos Eduardo os nossos mais profundos sentimentos.

Denuncie

Qualquer situação de risco de contaminação deve ser comunicada imediatamente ao Sindicato, tais como aglomerações em oficinas, containers, refeitórios, transporte e alojamento, principalmente no período de serviços de pré-parada, de preferência com registros. As denúncias devem ser feitas através do e-mail denuncia@sindipetroprsc.org.br ou do telefone (41) 3332-4554. Se preferir, trate o assunto diretamente com os dirigentes sindicais nos locais de trabalho.