“Reindustrializar o Brasil é prioridade e exige unidade da classe trabalhadora”

Em live nesta terça-feira, 17 de novembro, as duas maiores centrais sindicais do país – CUT e Força Sindical – oficializaram o lançamento da IndustriALL Brasil, constituída pelas entidades filiadas que representam os trabalhadores e trabalhadoras dos ramos da indústria (Metalúrgico, Químico, Construção Civil, Alimentação, Energia e Têxtil-Vestuário). Os petroleiros estarão representados na nova organização, através do diretor da FUP, Gerson Castellano, que integra o Conselho Fiscal.

O metalúrgico Aroaldo de Oliveira Silva (CNM/CUT), que assumiu a presidência da IndustriALL Brasil, falou do grande desafio de reindustrializar o país. “Diversos estudos apontam que a cada R$ 1 investido na indústria brasileira, o país tem de retorno R$ 2,63. Ou seja, é importante o investimento na indústria como carro chefe do desenvolvimento nacional”, comentou, lembrando que o país só representa 1,8% da produção industrial do mundo. “Hoje estamos em 9º lugar no ranking de participação industrial, empatados com a Indonésia, com 1,8%. Este é o 5º ano consecutivo de queda. A China tem 25%, EUA 15%, Japão quase 10%, Alemanha quase 7%, aí é possível perceber a discrepância com as maiores economias do mundo”, ressaltou.

UNIFICAR A LUTA

Inspirada no modelo da IndustriALL-Global Union, organização que representa 50 milhões de trabalhadores em mais de 140 países, a IndustriAll-Brasil foi fundada para reverter o quadro de desmonte da indústria nacional, com propostas e projetos de políticas públicas para reindustrializar o país, a partir das demandas da classe trabalhadora. Em vídeo, os sindicalistas explicaram que a CUT e a Força se uniram para a criação da entidade porque as duas centrais já vivem a experiência da unidade no âmbito internacional, na IndustriALL Global Union. As duas centrais somam 5,7 mil sindicatos e entes associados, com 37,8 milhões de trabalhadores na base.

Um dos objetivos da IndustriALL é focar a reindustrialização na indústria 4.0. “Pensando em todos esses aspectos, a IndustriALL-Brasil tem a tarefa de dialogar muito com as universidades e institutos de pesquisa para pensarmos essa nova indústria que já está presente. A organização está aberta a outras entidades de trabalhadores para juntos organizarmos essa luta por emprego de qualidade e renda. Só assim, vamos dar um salto de qualidade na vida do povo brasileiro”, afirmou Aroaldo.

Ele explicou que as demais centrais sindicais, que também têm bases industriais importantes, podem se somar à IndustriAll-Brasil, destancando que a entidade está aberta para receber todas as organizações de trabalhadores que fazem parte da indústria e que queiram integrar o projeto, inclusive aquelas que não são ligadas a uma central sindical.

ESTANCAR A DESINDUSTRIALIZAÇÃO

A indústria brasileira, que já representou na década de 1980 um terço do PIB, hoje representa apenas 11% das riquezas nacionais. Neste ano, cerca de 200 mil trabalhadores do setor já perderam seus empregos.

“Nenhuma nação do mundo conseguiu mudar o padrão de vida para o seu povo decente, sem ter uma base industrial forte. O Brasil vem se desindustrializando há mais de 30 anos e chegou em um momento dramático e esse processo de aumento da industrialização do Brasil, precisa da união de todos”, falou o presidente da CUT, Sérgio Nobre, no vídeo de apresentação da IndustriALL Brasil. “A principal pauta da classe trabalhadora hoje é a reindustrialização do país. Sem uma indústria forte, nenhuma nação consegue se desenvolver, gerar empregos de qualidade e dar um padrão de vida decente ao seu povo”, afirmou.

O Brasil tem hoje 18 milhões de trabalhadores e trabalhadoras na indústria, 19% do total do país, segundo o Dieese. “Como a IndustriAll-Brasil nasce com a missão de fazer propostas e projetos de políticas industriais, por meio das organizações que representam trabalhadores desse segmento, esse é o potencial que que nós queremos atingir em um futuro breve: 18 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, e ampliar, pois com uma indústria fortalecida e renovada conseguiremos gerar empregos de qualidade”, afirmou Sérgio Nobre.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, destacou que a criação da IndustriALL representa um passo importante para o sindicalismo brasileiro nesse momento conturbado em que o movimento sindical vem sofrendo ataques e em meio a uma pandemia do novo coronavírus. “Era preciso dar um passo a mais no movimento sindical unificado no Brasil, pois, se já estávamos colocando várias ações em prática, várias ações de resistência contra os ataques aos direitos sociais, trabalhistas, sindicais e previdenciários da classe trabalhadora, teremos agora com a IndustriALL Brasil a consolidação da unidade e o fortalecimento de nossa missão sindical contra esses ataques. A IndustriALL Brasil quer um país melhor e mais justo, humano e solidário”, afirmou.

Veja a íntegra do vídeo de lançamento:

 [Com informações da CUT e do Mundo Sindical]