Às 9h40 da manhã de sábado, o Brasil perdeu um dos mais valorosos defensores dos direitos humanos, dos povos indígenas, da população ribeirinha e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Dom Pedro Casaldáliga morreu aos 92 anos no interior de São Paulo.
Espanhol de nascimento, brasileiro de coração, Dom Pedro chegou ao Brasil em 1968 como missionário e logo assumiu a defesa das causas indígenas, dos povos da floresta e trabalhadores rurais, sendo nomeado Bispo em 1971, em plena ditadura militar.
Foi o responsável pela primeira denúncia de trabalho escravo contemporâneo no Brasil, ainda nos anos 70. Esse seu compromisso com a justiça social e as lutas do povo pobre rendeu a ele inúmeros processos de expulsão, perseguições e ameaças de morte por parte dos latifundiários que ele combatia com a palavra e o incentivo de que todos se organizassem para reivindicar, lutar e defender seus direitos.
Um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, da Pastoral da Terra e um defensor incansável da democracia, com justiça social, igualdade e solidariedade, Dom Pedro Casaldáliga foi homenageado no 1º Prêmio CUT como Personalidade de Destaque na Luta por Democracia e Justiça no Campo. Escreveu certa vez: “Malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar! Malditas sejam todas as leis amanhadas por umas poucas mãos para ampararem cercas e bois, fazerem a terra escrava e escravos os humanos”.
A CUT, lamenta profundamente a perda deste incansável lutador que nos deixa um pouco mais órfãos em meio à insanidade que assola o país e causa 100 mil mortes, em sua imensa maioria, aqueles a quem Dom Pedro dedicou sua vida e luta. Expressamos a nossa solidariedade à Prelazia de São Félix do Araguaia, à Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), à Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos), ao Conselho Indigenista Missionário e todas as comunidades e organizações as quais ele atendeu em todos esses anos.
Seu compromisso e sua inabalável convicção nos inspira a continuar lutando por um mundo mais justo e igualitário. Temos a certeza de que, como um bom semeador, Dom Pedro Casaldáliga nos deixou um legado de luta por democracia e justiça social imenso para inspirar as atuais e futuras gerações e para construir um Brasil com mais solidariedade, justiça, distribuição de renda e igualdade.
Dom Pedro Casaldáliga, Presente!!
Brasília, 8 de Agosto de 2020
Executiva Nacional da CUT