Contaminação mostra falhas nos protocolos de saúde e segurança que vêm sendo denunciadas pela FUP e seus sindicatos desde o início da pandemia e coloca em xeque proposta da Petrobrás de aumentar a população embarcada em plataformas.
Entre 30 de julho e 05 de agosto, 42 trabalhadores que estavam na plataforma P-50, no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, testaram positivo para Covid-19, de acordo com informações levantadas pelo Sindipetro-Norte Fluminense. No dia do primeiro caso, havia 167 embarcados na unidade. Desde então, 33 pessoas com sintomas da doença retornaram ao continente – destas, 19 testaram positivo. Outros 23 trabalhadores foram testados a bordo após a detecção desses casos e registraram positivo para a doença.
A alta contaminação na P-50 confirma as falhas nos protocolos de saúde e segurança para a Covid-19 adotados pela Petrobrás para os trabalhadores que atuam nas plataformas marítimas e unidades terrestres da companhia, o que vêm sendo denunciado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos desde o início da pandemia, em março. No caso das plataformas, as características do ambiente de trabalho, que dificultam o distanciamento entre as pessoas e obrigam a convivência entre trabalhadores nos camarotes, potencializam ainda mais os riscos de infecção em massa.
“Segundo informações que recebemos, na semana anterior já haviam desembarcado oito pessoas contaminadas. Já solicitamos à Petrobrás que teste toda a população de uma plataforma quando há casos na unidade, para evitar a disseminação da doença. Mas a empresa não nos atende, e isso acaba causando situações como esta da P-50 e como já ocorreram em outras plataformas”, explica Alexandre Vieira, coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF.
A infecção por Covid-19 registrada na P-50 ocorre no momento em que a gestão da Petrobrás vem convocando os sindicatos para discutir o aumento da população embarcada (POB) nas plataformas marítimas. A empresa ainda não definiu um cronograma, mas já vem aumentando a POB no campo de Búzios, na Bacia de Santos. Entretanto, em 27 de julho, a empresa suspendeu embarques e desembarques na plataforma P-77, instalada na área, por suspeitas de contaminação na unidade.
“A gestão da Petrobrás vem alegando que o aumento da população a bordo é necessário para garantir a segurança e a integridade das instalações. Mas o que os casos recentes da P-50 e da P-77 e de tantas outras plataformas que estamos denunciando desde o início da pandemia mostram é que o que está em risco é a saúde, segurança e a integridade dos trabalhadores e trabalhadoras dessas unidades e de suas famílias, e isso não está na lista de preocupações da companhia. O aumento de pessoas a bordo visa apenas o aumento da produção, que, devido à retração do mercado interno, está sendo exportada”, avalia Tadeu Porto, diretor da FUP.