No último dia 10, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho divulgaram nota que aponta a preocupação como o crescimento de casos de covid-19 em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
A cidade que até dia 1.º de junho havia registrado 147 casos de coronavírus, viu a situação se agravar. Entre o início do mês passado e o dia 10 de julho, foram 238 contaminações.
O cenário, porém, pode ser bem pior, já que os testes de RT-PCR, que detecta a presença do vírus, e que são enviados ao Laboratório de Campo Grande, tiveram o período de divulgação do resultado ampliado de 48 horas para 7 dias. Em 10 de julho, 242 exames ainda estavam sem resposta.
Ainda segundo os órgãos, não foi implementada a testagem periódica dos professionais de saúde, há escassez de anestésicos para manter os doentes entubados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital municipal e a taxa de ocupação de leitos cresce semanalmente.
O cenário alarmante segue uma tendência da região Centro-Oeste, novo epicentro da pandemia. Em Mato Grosso do Sul, a média diária de mortes, que era inferior a um, cresceu para seis e registrou 167 mortes por conta do covid-19.
Mas a situação emergencial não sensibilizou a direção da Petrobrás, que alheia à situação, resolveu programar uma parada de manutenção na UTE (Usina Termelétrica) Luís Carlos Prestes, em Três Lagoas, para o dia 1º de agosto.
A medida é realizada com o objetivo de aumentar a vida útil das máquinas, mas, para isso, além da gerência convocar 50% do efetivo de manutenção para retornar ao trabalho, ao menos 50 trabalhadores de outros estados terão de se deslocar para participar das ações.
Todo o procedimento dever durar, incialmente, até 28 de outubro, porém, o prazo pode ser estendido. A situação ganha tons ainda mais preocupantes porque, segundo o técnico de operação da UTE e diretor de base do Sindipetro-SP (Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo) Alberico Santos Filho os testes na empresa não chegariam a setembro.
“O número de testes que temos daria para apenas mais um mês, isso considerando o efetivo atual. A decisão da empresa é absurda, a manutenção poderia ocorrer em outro momento, levar os trabalhadores para dentro da usina e trazer os companheiros de outros estados não é, nem de longe, a melhor decisão. Mas nossa comunicação tem acontecido por meio de ofício, a Petrobrás tem se recusado a qualquer diálogo com o sindicato”, critica.
Segundo dados da direção da companhia, até o dia 17 de junho, 990 trabalhadores foram contaminados com a covid-19 e 314 estavam afastados. Desde o início da pandemia, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) e os sindicatos têm cobrado negociação e medidas efetivas para priorizar a vida e não apenas a economia. Medidas que a empresa, sob gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), tem rechaçado continuamente.
[Via Sindipetro Unificado SP]