Os pesquisadores do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep) Rodrigo Leão e William Nozaki foram ouvidos pelo jornal Valor Econômico sobre a decisão da Petrobras de reduzir sua produção em 200 mil barris/dia. Os 200 mil barris/dia cortados representam mais do que tudo aquilo que a companhia produz em águas rasas e em terra. Isso dá a dimensão de que a queda abrupta do preço começa a afetar não só os campos menos rentáveis, mas também aqueles em águas profundas e ultrapofundas, o “core business” da empresa, onde estão tanto as áreas maduras do pós-sal quanto os ativos do pré-sal. A decisão levou em conta a sobreoferta no mercado em momento de forte contração da demanda global da commodity.
O economista Rodrigo Leão pontuou que as empresas com atuação em refino e petroquímica devem se sair melhor. Por não ficarem totalmente dependentes do preço do óleo cru, terão um colchão para esses momentos de crise. A Petrobras vem fazendo exatamente o caminho oposto.
Para Rodrigo Leão, diretor do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep), vinculado à FUP, é preciso que a Petrobras comece a se preparar para o “novo mundo do petróleo”. “As petroleiras que estiverem em petroquímica e refino provavelmente se sairão melhor dessa crise, porque esses negócios servem como colchão em momentos de volatilidade do petróleo. O projeto da Petrobras não pode continuar sendo vender ativos, como as refinarias, se ninguém sabe neste momento para onde o mercado caminhado. A Petrobras se vende para o mercado, hoje, como exportadora de petróleo. É natural que as ações da companhia sofram mais do que a das demais petroleiras”, disse.
Já o cientista político William Nozaki, a estatal falha por não se preparar para o longo e médio prazos.
William Nozaki, também do Ineep, disse que as medidas da maior estatal brasileira podem ter efeitos sobre a macroeconomia. Para ele, o pacote de resiliência da Petrobras peca por se concentrar em medidas de curto prazo. “Ela tem usado as oportunidades de crise para fazer ajustes microeconômicos que vão deixar impactos macroeconômicos indesejáveis.”.
[Via Ineep]