Insanos? Covardes? Cruéis? Quando se trata de defender vidas, não há adjetivos que expressem nossa indignação diante de gestores que expõem trabalhadores ao risco iminente de contágio durante uma pandemia tão devastadora, como a da Covid-19. Pois é desta forma que tem agido a diretoria da Petrobrás, cumprindo às cegas as determinações do governo Bolsonaro, ao exigir das empresas contratadas que despejem seus trabalhadores nas unidades, caso, contrário, não receberão.
Os sindicatos tentam negociar com as gerências locais a redução de efetivos próprios e terceirizados, mas a ordem é para que as empresas contratadas façam exatamente o oposto. Contrariando as recomendações das organizações de saúde, a direção da Petrobrás quer entupir as unidades com trabalhadores, sem a menor necessidade, já que a empresa suspendeu paradas de manutenção e anunciou a hibernação de unidades e redução da produção.
As direções sindicais foram informadas que as terceirizadas terão o pagamento suspenso se não houver quantificação do trabalho prestado. Em função disso, os trabalhadores estão sendo obrigados a comparecer às unidades, se expondo a riscos, enquanto a pandemia progride violentamente, com aumento de contaminações e mortes.
Que tipo de gestor age desta forma, submetendo os trabalhadores a riscos desnecessários? “Querem porque querem que os terceirizados trabalhem, sob ameaça de demissões e suspensão de salários. Submetem os petroleiros a jornadas extenuantes, inclusive confinamentos, sem pagamento de adicionais, sem acordo, sem condições sanitárias e sem necessidade”, revela o diretor da FUP e coordenador do Sindipetro-RS, Fernando Maia.
Se voltarmos algumas décadas no tempo, encontraremos certa similaridade com antigos governos fascistas, onde as empresas serviam ao regime nazista, sacrificando trabalhadores, enquanto os amigos do ‘führer’ recebiam aplausos dos mesmos setores que hoje defendem o mercado acima da vida.
Expor deliberadamente trabalhadores terceirizados ao risco de contaminação pelo coronavírus é uma desumanidade de proporções semelhantes. Esta e outras medidas que a gestão da Petrobrás adotou durante a pandemia, como submeter os trabalhadores de turno a jornadas extenuantes e enclausurar por uma semana petroleiros offshore, antes dos embarques paras as plataformas, estão sendo denunciadas pela FUP e serão encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho, nesta segunda-feira, 30.
[FUP]