Em audiência pública, na Comissão de Minas e Energia da Câmara Federal, na manhã dessa terça (8), o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, surpreendeu a todos ao afirmar que “a culpa da saída da Petrobrás da Bahia é da mãe natureza”.
A resposta do presidente às indagações feitas por deputados causou estranheza e desconforto, principalmente devido à seriedade do tema que estava sendo tratado, que mexe com a vida de milhares de trabalhadores e prejudica a economia do maior estado do Nordeste.
O requerimento da convocação do presidente para comparecer à Câmara federal foi feito pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), sendo mais um passo na luta da FUP, do Sindipetro Bahia e demais Sindipetros do NE, que têm feito articulações no sentido de garantir a permanência da estatal na região.
Castello Branco foi convocado para explicar as razões que estão levando a atual gestão da Petrobrás a promover o desmonte da estatal no Nordeste e a sua retirada da Bahia.
Os deputados baianos Nelson Pellegrino, Joseildo Ramos, Jorge Solla, (todos do PT), a deputada Lidice da Mata (PSB) e o deputado João Roma (Republicanos), receberam um farto material das mãos dos diretores do Sindipetro Bahia explicando a real situação da Petrobrás no estado. Os parlamentares fizeram diversos questionamentos ao presidente da Petrobrás.
O diretor de Comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, saiu decepcionado da audiência. “O presidente não demonstrou nenhuma sensibilidade com o que está acontecendo na Bahia, com a pressão sofrida pelos trabalhadores, com a demissão de milhares de pessoas e o fechamento de postos de trabalho em definitivo no estado e nem com a falta de investimento e com a perda de receitas para a Bahia. Achávamos que tinha mais espaço para o diálogo, mas não foi isso que vimos”.
Radiovaldo também lamenta que Castello Branco não tenha respondido as perguntas dos parlamentares de forma direta e franca e tenha dado declarações incompreensíveis como a afirmação de que “os trabalhadores da Petrobrás são infantilizados”. Ninguém entendeu e ele também não explicou, diz o sindicalista.
Para a diretora do Sindipetro, Jailza Barbosa “a audiência foi desmotivadora, pois ele deixou claro que dará continuidade ao processo de desmonte e, ao mesmo tempo que negou demissões em massa de trabalhadores, falou com a maior naturalidade que os funcionários da Petrobrás serão aproveitados pelas empresas que comprarem as unidades da estatal na Bahia”.
Fala do presidente confirma motivação política
Em uma de suas falas, Castello Branco, deu uma informação que até então era desconhecida para o Sindipetro Bahia e para muitos parlamentares presentes. Ele afirmou que por conta do fechamento da FAFEN Sergipe, a estatal está fazendo um investimento social de R$ 26 milhões, na cidade de Laranjeiras, onde funcionava a fábrica de fertilizantes.
A pergunta é: Qual o valor que foi investido em Camaçari por conta do fechamento da FAFEN Bahia? Não houve nenhum investimento. O melhor para os dois estados seria que as fabricas de fertilizantes continuassem funcionando, mas se foram fechadas porque a Petrobrás tratou Sergipe de uma forma e a Bahia de outra? Para Radiovaldo “essa é mais uma prova de que há perseguição política do governo federal/Petrobras em relação à Bahia, por ser um estado governado pelo PT”.
Representantes da FUP e de Sindipetros do Nordeste estiveram presentes à audiência. Diretores do Sindipetro Bahia aproveitaram a oportunidade para visitar parlamentares de diversos partidos e distribuir material explicativo, relatando o que está acontecendo na Bahia. Eles também distribuíram a cartilha “Raio X da Petrobrás na Bahia”.
[Via Sindipetro Bahia | Foto: Vinicius Loures – Agência Câmara]