A luta das mulheres por igualdade de direitos muitas vezes é desqualificada, principalmente no ambiente corporativo, onde o feminismo ainda é tratado como vitimismo e mi-mi-mi. Não é raro ouvir frases do tipo “feminismo é coisa de mulher que tem raiva dos homens”, “pra quê feminismo se homens e mulheres são tratados da mesma forma?”, “quem é competente não precisa de feminismo”, “feminismo é um plano de dominação e vingança das mulheres”…
Por mais absurdas e preconceituosas que sejam, esse tipo de declaração encontra eco em uma sociedade onde o machismo ainda permeia as relações sociais e familiares. No Sistema Petrobrás não é diferente. As trabalhadoras representam pouco mais de 16% dos quadros da empresa e apenas 18% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.
Muitas petroleiras são vítimas de assédio e convivem diariamente com colegas de trabalho que defendem abertamente posicionamentos machistas. Na rede de comunicação interna da empresa, são comuns comentários jocosos, criticando e desqualificando programas e projetos relacionados aos direitos das mulheres e ao público LGBT.
Desde 2006, a Petrobrás tem o selo de Pró-Equidade de Gênero e Raça, criado pelas Nações Unidas e, há quase dez anos, adotou os Princípios de Empoderamento das Mulheres que fazem parte do Pacto Global da ONU. Mas, apesar dessas importantes iniciativas corporativas, as mulheres ainda enfrentam muitas dificuldades no trabalho. “O machismo está presente em várias decisões dos gestores, como, por exemplo, a intransigência em relação às faltas ou atrasos das petroleiras que acompanharam os filhos em emergências médicas. Quem mais sofre com isso são as mães que estão solteiras. A maioria dos colegas homens não compreende a situação, especialmente quando têm uma esposa que cuida disso por eles”, destaca Priscila Patrício, técnica química de petróleo na Transpetro e diretora da FUP.