“O Chile hoje é como a Suíça”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao defender sua passagem pelo país durante a ditadura Pinochet. Guedes é do grupo dos “Chicago boys” – referência à chamada Escola de Chicago, de onde ele saiu – que fizeram do Chile um laboratório para políticas ultraliberais repudiadas em praticamente todos os países democráticos do planeta. Ele falou isso numa longa entrevista ao jornal britânico Financial Times.
Nela, disse que o Brasil precisaria de uma “perestroika” – o processo de abertura econômica implantado por Mikhail Gorbachev na União Soviética nos anos 1980 e que acabou levando ao fim da experiência do chamado socialismo real naquele país. Guedes foi professoral, como costuma ser: afirmou que as “pessoas de esquerda têm miolo mole e bom coração”. E completou: “as pessoas de direita têm a cabeça mais dura e…”, após uma pausa, “o coração não tão bom”.
Crítico às intervenções estatais na economia que favoreçam os mais pobres, Guedes defende reformas de livre mercado e considera estar criando uma “sociedade Popperiana aberta” – em referência ao filósofo austríaco Karl Popper. No entanto, ele não fez qualquer crítica ao pagamento de R$ 380 bilhões em juros da dívida pública apenas em 2018, dinheiro entregue aos bancos e aos rentistas do país.
“O Brasil é a oitava maior economia do mundo, mas ocupa o 130º lugar em grau de abertura, próximo ao Sudão. Ele também está classificado em 128º em termos de facilidade de fazer negócios”, ressaltou o ministro. Segundo o jornal britânico, Guedes quer que o Brasil melhore a sua posição nos rankings – indo para o 65º e 64º lugar, respectivamente – durante os quatro de governo, corte de gastos, revisão da legislação tributária, redução da burocracia e privatizações.
Guedes defendeu a reforma da Previdência de forma a liquidar com a proteção social existente no país, utilizando-se para isso da inversão narrativa que carateriza o governo Bolsonaro. “As pensões são uma máquina de transferência de renda regressiva e perversa”, disse, quando na verdade o atual sistema de previdência do país é o que mais distribui renda no mundo.
Leia a íntegra da entrevista do ministro ao jornal britânico
[Com informações do Brasil 247]