Futura ministra da Agricultura admite que mantém negócios com a JBS

 

A futura responsável pelo Ministério da Agricultura de Jair Bolsonaro, a deputada reeleita Tereza Cristina (DEM-MS) admitiu, nesta quinta-feira (8), ter negócios com o grupo JBS. Ela contou que tem participação de um quinto numa propriedade arrendada ao grupo. Também disse que recebeu recursos dos irmãos Batista, mas alega que as doações foram legais e negou haver conflito de interesses.

“Eu tenho uma propriedade, um condomínio com meus irmãos, sou inventariante e minha família arrenda um confinamento para a JBS, que é do lado da nossa propriedade. Isso há muitos anos”, explica.

A deputada, indicada pela bancada ruralista para assumir a pasta, também assumiu ter recebido recursos do frigorífico, mas de forma indireta. “Eu não tive doação da JBS direta para mim, foi via, se não me engano, dois parlamentares do meu Estado”, conta.

Cristina também afirmou que não sente desconforto em assumir o ministério.

A futura ministra comentou sobre a possível fusão de Agricultura e Meio Ambiente, que era a promessa de campanha de Bolsonaro, mas deixada de lado após críticas de ruralistas e ambientalistas.

A ruralista se disse disposta a ajudar a escolher o ministro da pasta ambiental. “É uma escolha exclusivamente do presidente da República. Se eu for perguntada, posso sugerir pessoas que eu acho que têm gabarito para isso.”

“Musa do veneno”

Primeira mulher escolhida para compor o ministério do governo que toma posse em 1º de janeiro, Tereza Cristina recebeu o apelido de Musa do Veneno pelos próprios ruralistas quando em maio, promoveu festa para comemorar a aprovação, em comissão especial, do chamado Pacote do Veneno, projeto que revoga a atual Lei dos Agrotóxicos.

Como presidente da comissão, ela comandou as manobras e “tratoradas” que deixaram o conjunto de leis pronto para votação em plenário, apesar de protestos das mais importantes entidades nacionais e estrangeiras. Até a ONU pediu ao governo brasileiro que arquivasse o projeto que facilita ainda mais as regras do país para o registro, importação, produção, comercialização e utilização desses venenos.

A ruralista, reeleita deputada estadual, preside a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), da qual faz parte o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (PP-RS) e terá papel-chave no comando de políticas que, pelo que tudo indica, vão atender plenamente apenas os interesses do agronegócio que ela representa.

Se o presidente eleito mantiver a proposta, até agora indefinida, de transformar o Ministério da Agricultura em um superministério que incorporará o Ministério do Meio Ambiente, Tereza Cristina será, na prática, “a raposa que toma conta do galinheiro”.

O desmatamento, que já devorou grande parte do Cerrado, e que avança sobre a floresta Amazônica, serve aos objetivos do agronegócio: ampliar as pastagens e as já extensas áreas de monocultivo de soja, cana e eucalipto. Uma produção que não combina com a preservação da natureza e que passa por cima de direitos de populações indígenas e quilombolas, entre outros povos tradicionais.

[Via Rede Brasil Atual]