A Petrobras divulga nesta terça-feira (06/11) o seu balanço do 3º trimestre de 2018. A expectativas é de que a empresa obtenha um lucro ainda maior que o observado no 2º trimestre de 2018 (R$ 9,7 bilhões), mesmo com a queda na produção de petróleo e gás.
Segundo estimativas do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (Ineep), o lucro líquido deverá ser de R$ 11 bilhões caso a Petrobras não considere, neste momento, a provisão de US$ 853,2 milhões (estimados em R$ 3,6 bilhões) referente ainda ao acordo pela empresa para encerrar as investigações do Departamento de Justiça e da Securities & Exchange Commission (SEC), nos Estados Unidos. Caso a Petrobras realize essa provisão o lucro líquido estimando será de R$ 8,3 bilhões.
Esse possível lucro será fruto (i) da elevação de 81% do preço do petróleo (R$ barril), entre o 3º trim. de 2017 e o 3º trim. de 2018, e da expansão de 30% das exportações de petróleo cru, na comparação com o mesmo trimestre no ano anterior, (segundo estimativas do Inepp); e (ii) da mudança na estratégia do refino, em curso desde o 2º trimestre de 2018, após a greve dos caminhoneiros, quando a Petrobras passou a desempenhar um papel ativo (deslocando a importações de terceiros e ampliando a carga processada das refinarias) dada sua posição de price maker (formador de preço), o que lhe possibilitava manter maiores margens.
O subsídio fornecido pelo governo federal à Petrobras, depois da greve, deve reduzir a participação dos importadores no segmento de diesel. Com os preços internos mais baixos que os praticados internacionalmente, a Petrobras tem ocupado a parcela de marcado dos importadores e, ao arcar com esse diferencial de preço, tem sido ressarcida pelo governo federal, o que implica um aumento das suas receitas e redução das importações de terceiros. Somente no mês de julho, a estatal brasileira recebeu do governo federal mais de R$ 870 milhões referente a este diferencial. Segundo o Ineep, a receita da Petrobras considerado exportações, refino e o subsídio de diesel deve subir cerca de 26% neste 3o trim. de 2018.
Em relação ao E&P, a receita de vendas estimada deverá crescer 55,5% em relação ao trimestre do ano anterior. Esse aumento decorrerá basicamente do aumento de 44% do preço do barril internacional do petróleo (Brent) associado à desvalorização cambial (preço saltou de R$ 164 para R$ 297), pois a produção de petróleo e gás nessa comparação caiu 8,3% em virtude das paralisações das plataformas Cidade de Angra dos Reis (P-25) e Cidade de Maricá (P-31) e da conclusão da venda, para a Equinor, de 25% do campo de Roncador na Bacia de Campos.
No que tange à área de abastecimento, a receita de vendas estimada deverá elevar-se em 49%, no cotejo com mesmo trimestre do ano anterior, fruto (i) da expansão estimada de 140% da receita de vendas com exportação de petróleo cru (com a expansão de 10% na quantidade exportada e o aumento do preço do Brent); e (ii) das receita de vendas com derivados estimada (refino) deverá crescer 44%.
Cabe observar que o nível de utilização do parque de refino da Petrobras no 3º trimestre deve ficar abaixo dos 81% do 2º trimestre em virtude do incêndio ocorrido na Replan. Essa refinaria é a maior do país e está funcionando com apenas metade de sua capacidade desde agosto de 2018. Com isso, os custos com produtos vendidos deverão aumentar com a ampliação da importação decorrente da menor utilização da Replan.
Essa expansão, tanto do E&P como do abastecimento, deverá proporcionar um EBITDA ajustado (lucro antes de juros, depreciação e amortização) da ordem de R$ 30 bilhões. Pelo lado do endividamento, os resultados do balanço deverão sinalizar a política em curso de acelerada desalavancagem (relação dívida líquida/LTM EBITDA de 2,5 em 2018) que tem como um de seus eixos a estratégia de adiantar o pagamento de dívidas junto aos seus credores. Com o provável aumento do EBITIDA ajustado e o processo de desavalancagem a relação dívida líquida EBITIDA deve reduzir em relação ao 2º trimestre de 2018.
Os possíveis resultados operacionais e financeiros do balanço do 3º trimestre de 2018 da Petrobras devem evidenciar uma melhora do cenário externo para a Petrobras (aumento do preço do Brent), a importância do refino para a geração de caixa da empresa e melhora no perfil da dívida. Além disso, nota-se uma reorganização do mercado de derivados a partir dos subsídios fornecidos pelo governo federal. No entanto, cabe o alerta de que as melhoras dos resultados estão associadas à política de subsídios, venda de ativos e aumento de preços, o que reforça a lógica de curto prazo da atual gestão e deixa dúvidas sobre a sustentabilidade desses resultados no longo prazo.
[Via Blog do INEEP]