Quase 30 milhões de eleitores não compareceram às urnas neste domingo (7), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O nível de abstenção, de 20,3%, é o mais alto desde as eleições de 1998, quando 21,5% do eleitorado não votou.
De acordo com o TSE, foram computados, no total, 107,3 milhões de votos válidos. Cerca de 3 milhões votaram em branco. Somando abstenções, votos brancos e nulos o total representa perto de 40% dos eleitores.
A abstenção tem crescido desde 2006, quando 16,8% dos eleitores não votaram. Quatro anos depois, o índice subiu para 18,1%, e chegou aos 19,4% nas eleições presidenciais passadas, em 2014.
Fake news
O 1º turno das eleições para presidente foi marcado pelas chamadas “fake news”, informações falsas intencionalmente divulgadas como se fossem notícias para influenciar a opinião e o voto das pessoas.
“As fake news são um fenômeno mundial e não seríamos nós que estaríamos imunes, mas estamos investigando tudo. O TSE vai atuar a partir de impugnações formais”, disse a presidente do TSE, Rosa Weber.
O ministro da Segurança, Raul Jungmann, também afirmou que o combate às fake news (notícias falsas) continuará no segundo turno – ele considera que foi positivo ao longo do pleito. Mas reconheceu ter sido surpreendido com o tom das notícias veiculadas ao longo do dia. “Estávamos focando e esperando o surgimento de notícias falsas que ofendessem a honra dos candidatos, mas deparamos com notícias que tentavam repassar a informação errada de fraudes ou acontecimentos na urna”, contou.
Foram observados três casos graves que estão sendo investigados, divulgados pelas redes sociais. Num destes, um dos filhos de Jair Bolsonaro denunciou informação recebida de eleitores sobre uma urna que estava sendo alvo de denúncias por apresentar o resultado já pronto, antes do início das votações, em favor do candidato petista, Fernando Haddad. O que foi logo apurado, esclarecido e desmentido pela Justiça Eleitoral.
Em outro momento, uma eleitora afirmou nas redes sociais que quando chegou na parte da votação para presidente a urna tinha travado. A seção foi investigada e não foi constatada veracidade na informação, mas mesmo assim a urna eletrônica foi substituída. O terceiro caso foi de um eleitor que teria entrado com uma arma dentro da seção e sido fotografado digitando os votos com o cabo da arma. O que, segundo Jungmann, ainda está sendo investigado.
Risco à democracia
A campanha de Bolsonaro usou, ao longo do primeiro turno, como arma, uma avalanche de mentiras para desqualificar os adversários. Agora, no caminho do segundo turno, não deve ser diferente, o que preocupa o economista Márcio Pochmann.
“O método das eleições é do século passado. A candidatura do Bolsonaro prova. A Justiça eleitoral é do século passado. Ela não está apta para monitorar e coibir o que aconteceu de estranho no processo. O uso de internet para passar notícias falsas. Precisamos de uma reflexão profunda de que sociedade é essa. Precisamos rever as instituições que não dão mais conta dessa fase em que estamos”, argumento Pochmann.
Uma das maiores lutas dos democratas neste segundo turno será tentar reverter esse cenário de disseminação de mentiras via redes sociais.
O temor é de ruptura com a democracia, explica o economista. “Há um risco de quebra da democracia com uma vitória da extrema-direita que validaria o golpe de 2016.” Isso, com finalidade de aplicar uma agenda austera e de desconstrução do Estado de bem-estar social. “Sairíamos do neoliberalismo para um hiper neoliberalismo. A destruição do Estado está presente na candidatura do Bolsonaro. Agora, precisamos de uma agenda civilizatória e democrática contra a barbárie que se aproxima.”
[Com informações das agências de notícias]
[Via Rede Brasil Atual]