O Sindipetro Bahia recebeu grave denúncia sobre o “Projeto de Importação de Amônia”, que faz parte do programa de hibernação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia. Elaborado pela direção da Petrobrás, o projeto tem o objetivo de dar continuidade ao fornecimento dos produtos para as empresas clientes, a exemplo do Grupo Unigel, através da importação da amônia pelo Porto de Aratu e transferência por meio de duto, após o já anunciado fechamento da FAFEN.
As informações passadas ao sindicato tratam de um relatório expedido pela Transpetro, que, após estudos, análises de documentações e inspeções, condena a importação de amônia pelo Porto de Aratu. A Transpetro apontou 11 problemas graves de segurança e integridade no Porto, no “amonioduto” e nas esferas de estocagem da fábrica em Camaçari.
Dentre as anomalias, a Transpetro denunciou a ausência de inspeção interna no tanque de estocagem de amônia no Porto de Aratu (TQ-5402), já que a última inspeção foi realizada em 1992; ausência de monitoramento (vazão, pressão e temperatura) entre o navio e o tanque no porto, bem como para os clientes; trechos do “amonioduto” alagados sem a devida proteção etc.
Segundo a fonte, a Transpetro descobriu 300 itens de recomendação de inspeção nos relatórios da Gerência de Inspeção de Equipamentos da FAFEN-BA e ordem de serviços sobre a integridade de equipamentos relacionados à estocagem e transporte de amônia, que não foram executados pela Fábrica.
Ainda segundo a denúncia, a continuidade desse projeto coloca em risco a vida de trabalhadores da estatal e as comunidades que beiram os 33 quilômetros de tubulação de amônia, que liga o Porto de Aratu à FAFEN, em Camaçari, assim como a população das Ilhas de Maré e dos Frades e a comunidade de Caboto.
Em lugar de seguir as recomendações dos técnicos da Transpetro, a direção da Petrobrás transferiu para a FAFEN a responsabilidade da continuidade do projeto, para ser tocado a qualquer custo.
A fonte também afirma que a FAFEN-BA criou um Grupo de Trabalho (GT), substituindo, subitamente, os nomes dos integrantes do GT Transpetro por outros mais “flexíveis”, sob a coordenação de um gerente da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Paulo Eduardo Ambrosio. Tendo como demais membros Klevson Ranniet Almeida Barboza (FAFEN), Hervandil Morosini Sant’Anna (INDUSTRIAL), Ricardo Batista de Melo (RLAM), Luciano Alvim Borges (FAFEN), Carlos André Tavares de Moura (TP/DSERV), Alexsandro da Silva Cerqueira (TP/DDT) e Laécio Oliveira de Souza (TP/DDT), o GT FAFEN já emitiu parecer contestando cada item do relatório da Transpetro.
Ainda de acordo com as denúncias, as 300 pendências de inspeção descobertas anteriormente foram transformadas, pelo novo GT, em apenas 19. “Eles querem importar a qualquer preço”, afirma a fonte, que não pode se identificar. “Esse novo relatório diz que o trecho da tubulação de amônia submerso no Km 21 está em boas condições, mas quem inspecionou a tubulação no alagamento? Parece mais um relatório de vidência do que de inspeção”, completou.
Para o Sindipetro Bahia é extremamente arriscado operar a importação de amônia em condições tão perigosas como as relatadas na denúncia. A entidade sindical reivindica acesso aos relatórios, antecipando que, em caso de sonegação das informações, pode vir a responsabilizar os gestores, principalmente por estarem colocando em risco a vida dos trabalhadores e de moradores de comunidades circunvizinhas à FAFEN e ao Porto de Aratu.
[Via Sindipetro Bahia]