A proposta econômica que os bancos apresentaram, nesta terça-feira (7), na sexta rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, foi de apenas repor a inflação – 3,90% de reajuste, o que corresponde ao valor do INPC (de acordo com a inflação projetada de 3,87%) – para os trabalhadores e as trabalhadoras. Pela proposta dos banqueiros, a categoria bancária teria aumento real zero por quatro anos.
Uma nova reunião está marcada com os bancos na sexta-feira da semana que vem (17), mas o Comando Nacional dos Bancários já avisou que vai indicar a rejeição da proposta nas assembleias que serão realizadas nesta quarta-feira (8).
No balanço dos reajustes salariais do primeiro semestre deste ano, 78,8% das categorias tiveram reajuste acima da inflação. E a proporção de reajustes acima do INPC em 2018 foi maior do que em 2017 (2,8% e 5,0%, respectivamente). O setor mais lucrativo do país não pode tratar assim seus trabalhadores.
“Enquanto oferecem zero de aumento real para os trabalhadores, cobram taxas de juros absurdas dos clientes, com cheque especial a 305% ao ano e 292% ao ano no rotativo do cartão de crédito. Lucraram R$ 80 bilhões em 2017 em plena crise econômica e fecharam milhares de postos de trabalho e agências bancárias”, disse Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
A pauta da categoria foi entregue aos bancos em junho e depois de seis rodadas de negociação, eles apresentaram uma proposta que não contempla as reivindicações mais importantes dos trabalhadores e trabalhadoras, ressalta Ivone.
“Foram seis rodadas de negociação com os bancos e a proposta apresentada não contempla reivindicações importantes, como o fim das novas formas de contratação, criadas a partir da reforma Trabalhista (autônomo, terceirizado e intermitente e contrato parcial), garantia de emprego e melhoria das condições de trabalho”.
“Haverá assembleias em todo o país amanhã e vamos indicar a rejeição da proposta, que foi insuficiente e incompleta”, afirmou a dirigente.
“A categoria não aceitará uma proposta sem aumento real, manutenção dos direitos e sem a garantia de que os bancários não serão substituídos por formas de contratação precarizadas”, complementa a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
“É por isso que o Comando indica a rejeição da proposta nas assembleias desta quarta-feira”.
Campanha 2018
A data-base dos bancários é 1º de setembro. A categoria entregou pauta com as reivindicações no dia 13 de junho. Houve negociação nos dias 28/06, 12/07, 19/07 (Saúde e condições de trabalho), 25/07 (Emprego), 01/08 (Clausulas econômicas) e 07/08.
Desemprego
De acordo com dados dos balanços das instituições financeiras, os cinco maiores bancos que atuam no país (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander) eliminaram 16,9 mil postos de trabalho somente em 2017. Houve uma redução no emprego bancário de 57.045 postos de trabalho entre janeiro de 2012 e junho de 2018, o que representa uma redução de 11,5% na categoria neste período. Apesar do aumento substancial do lucro no último período, o emprego nos maiores bancos vem caindo: no 1º trimestre de 2018, houve uma queda de 13.564 postos de trabalho em doze meses.
Igualdade de oportunidades
Na categoria bancária, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens. Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários. 80% das bancárias têm nível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 74%.
Em seus Relatórios Anuais de Sustentabilidade os bancos apresentam algumas informações que ilustram a desigualdade com a qual as mulheres são tratadas nestas instituições. No Bradesco, por exemplo, o salário médio das mulheres na gerência representa apenas 85% do salário médio dos homens que trabalham nos mesmos cargos.
Lucro dos bancos
O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander) nos três primeiros meses do ano atingiu a marca de R$ 20,3 bilhões, com crescimento de 18,7%.
Dados da Categoria
Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional. Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. São cerca de 485 mil bancários no Brasil, sendo 140 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país. A categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2017 de 20,26% e 41,6% no piso.
Principais reivindicações Campanha Nacional Unificada 2018:
- Reajuste Salarial – 5% de aumento real, com inflação projetada de 3,87 % (até 07/08)
- PLR – três salários mais R$ 8.546,64
- Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.747,10)
- Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá – Salário Mínimo Nacional (R$ 954): Inclusive nos períodos de licença-maternidade, paternidade e adoção, férias e nos afastamentos por doença de qualquer natureza ou acidente de trabalho.
- 14º salário;
- Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários;
- Emprego – Fim das demissões; ampliação das contratações; fim das novas formas de contratação, criadas a partir da Reforma Trabalhista (autônomo, terceirizado e intermitente e contrato parcial); fim da precarização das condições de trabalho e homologações feitas no Sindicato
- Melhores condições de trabalho nas agências digitais
- Mais segurança nas agências bancárias
- Auxílio-educação
Proposta Federação Nacional dos Bancos (Fenaban): dia 07/08
A proposta dos bancos foi 3,90% reajuste, o que corresponde ao valor do INPC e zero de aumento real para a categoria (de acordo com a inflação projetada de 3,87%), em um acordo de quatro anos.
Como é hoje:
Piso escritório após 90 dias – R$2.192,88
Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.962,29
PLR – Regra básica: 90% do salário + 2.243,58 (podendo chegar a 2,2 salários) e parcela adicional: 2,2% do lucro líquido dividido linearmente entre os trabalhadores, com teto de R$ 4.487,16
Auxílio-refeição: R$33,50 por dia ou R$ 737,00 (mensal)
Auxílio cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 580,83
Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 446,11
[Via CUT, com apoio Sindicato dos Bancários de São Paulo e Contraf]