Com direitos em riscos, bancários e bancárias de todo o Brasil realizam, desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (11), atos em agências e centros administrativos de todo o país para pressionar a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) a assinar o pré-acordo de manutenção dos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCV), a chamada ultratividade, até o fechamento de um novo acordo da categoria. A próxima rodada de negociação está marcada para a quinta-feira (12).
Na primeira rodada deste ano, ocorrida em 28 de junho, pela primeira vez o pré-acordo não foi assinado. Em anos anteriores, a assinatura sempre ocorria no início da negociação. Sem esse pré-acordo, a CCT e todos os direitos previstos nela, como vales refeição e alimentação, auxílio-creche, plano de saúde ou contratação com salários abaixo do piso, podem ser suspensos após 31 de agosto, uma vez que a nova legislação trabalhista extinguiu a ultratividade prevista em lei, princípio que garantia a validade de um acordo coletivo até a assinatura de outro. A data-base da categoria é 1º de setembro.
Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, a categoria está disposta a negociar.
“Esperamos que os bancos demonstrem disposição para debater com seriedade a pauta dos bancários na rodada agendada para amanhã”, reforçou a dirigente.
“Queremos sair da mesa do dia 12 com um calendário de negociações, a exemplo do que sempre fizemos em anos anteriores. Em 2018, nossa CCT completa 26 anos e é um exemplo de construção baseada num processo democrático, com respeito à representação dos trabalhadores e dos bancos. E assim queremos que continue sendo.”
A dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Marta Soares, logo nas primeiras horas da manhã, estava em frente ao CAB/Itaú, na Av. Brigadeiro Faria Lima, na capital paulista, para dialogar com a categoria. “Estamos nas ruas conversando com os bancários e bancárias e deixamos bem claro que haverá muita resistência para garantir a manutenção dos direitos que foram incorporados com muita luta ao longo dos anos”, disse.
“Em 2017, os cinco maiores bancos tiveram resultados que ultrapassam R$ 77 bilhões. Esse resultado não é feito nem por máquinas e nem por estruturas, mas sim pelos bancários e bancárias que trabalham para atingir metas”, completou.
Além de São Paulo, os estados de Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro foram às ruas para engrossar a mobilização nacional.
Setor em expansão mesmo em tempos de crise
Os cinco maiores bancos lucraram R$ 77,4 bilhões em 2017, alta de 33,5% num dos piores anos da economia nacional. E 2018 já repete essa trajetória de décadas de crescimento: foram R$ 20,6 bi no primeiro trimestre ou 20,4% mais que o mesmo período do ano anterior.
Ainda assim, os bancos promovem cortes no seu quadro de funcionários: foram extintos 17.905 postos de trabalho em 2017. De janeiro a maio deste ano 2.675 bancários já ficaram sem seus empregos.
[Via CUT]