Com participação da FUP e de seus sindicatos, foi lançada nesta quarta-feira, 20, na Câmara dos Deputados Federais, em Brasília, a Frente Parlamentar em Defesa das Refinarias da Petrobrás, mais uma importante trincheira de resistência contra a privatização da empresa. A Frente é presidida pelo deputado federal Bohn Gass (PT-RS) e conta com a participação de mais de 200 parlamentares de diversos partidos e estados do país.
Durante a cerimônia de lançamento da Frente Parlamentar, o economista do Dieese e assessor da FUP, Cloviomar Cararine, fez uma apresentação, explicando a relação direta entre a proposta da Petrobrás de venda das refinarias, dutos e terminais com a política do governo Temer de escancarar para as empresas estrangeiras o mercado brasileiro de combustíveis, que é um dos mais importantes no mundo.
O modelo de privatização das refinarias da Petrobrás foi desenhado para entregar inicialmente ao setor privado o controle acionário das refinarias do Nordeste e do Sul do país, em dois grandes pacotes de ativos, que incluem duas refinarias em cada região, além de todo o sistema de logística da Transpetro para distribuição e escoamento dos derivados produzidos por elas.
O ativo Sul inclui as refinarias Alberto Pasqualini (REFAP/RS) e Presidente Getúlio Vargas (REPAR/PR), sete terminais e 736 km de oleodutos. O ativo Nordeste oferece ao mercado as refinarias Landulpho Alves (RLAM/BA) e Abreu e Lima (RNEST/PE), além de cinco terminais e 770 Km de oleodutos.
Juntas, as quatro refinarias que estão sendo vendidas representam 36% da capacidade de refino do país e são responsáveis por abastecer toda região Sul, Norte e Nordeste, além de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Acesse aqui a íntegra da apresentação da FUP/Dieese
Desmonte das refinarias beneficia importadores de combustíveis
Como parte do desmonte, a gestão da Petrobrás reduziu as cargas das refinarias, que estão produzindo com menos de 70% da capacidade. Algumas unidades estão operando com metade de sua capacidade, como é o caso da RLAM, na Bahia. Por outro lado, o país está sendo inundado por combustíveis importados, vindos principalmente dos Estados Unidos.
“Ficou evidenciado aqui que essa lógica perversa da Petrobrás internacionalizar os preços dos combustíveis e termos que comprar lá fora o que poderíamos produzir no país é para enfraquecer a Petrobrás e as refinarias”, afirmou o deputado Bohn Gass. “Isso tudo é planejado para privatizar a empresa”, revelou, anunciando que a Frente Parlamentar em Defesa das Refinarias será “o combustível na mobilização da luta pela soberania, em defesa da Petrobrás e do nosso petróleo”.
“Reconhecemos que o tema com que vocês (petroleiros) trabalham, do ponto de vista dos combustíveis, é estratégico e determinante para o país. Não há economia a ser desenvolvida, não há projeto de desenvolvimento descasado da questão dos combustíveis. E nós comprarmos de petrolíferas privadas o que nós podemos produzir aqui através da Petrobrás é algo criminoso. A indignação com tudo isso é o que nos mobiliza”, anunciou o presidente da Frente Parlamentar.
FUP anuncia atos em defesa das refinarias
O coordenador geral da FUP, Simão Zanardi Filho, convocou os parlamentares a somarem forças com os petroleiros nas mobilizações que a Federação e seus sindicatos farão ao longo do mês de julho, com atos em todas as quatro refinarias que estão em processo de venda. Na primeira semana do mês, a mobilização será na RLAM (BA), com data ainda a ser confirmada entre 02 e 04/07. Na semana seguinte, será a vez da REFAP (RS), cuja mobilização será no dia 12/07. Em seguida, haverá atos na REPAR (PR), no dia 17/07, e na Abreu e Lima (PE), no dia 26/07.
Greve para que a Petrobrás volte a abastecer o país
“Estamos com uma greve aprovada a ser marcada pela FUP e vamos nos reunir no dia 18 de julho para decidirmos os próximos passos na construção deste movimento histórico que os petroleiros estão organizando”, anunciou Zanardi, alertando os parlamentares para o objetivo central da greve.
“Nossa greve não é para desabastecer o país, como está fazendo o governo Temer com essa política de desmonte que reduziu a carga das refinarias e elevou os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, obrigando milhões de brasileiros a voltarem a cozinhar com lenha e carvão. Nossa greve é para que as refinarias voltem a operar com carga máxima e a Petrobrás possa voltar a cumprir a sua missão, que é abastecer o povo brasileiro, de norte a sul do país”, declarou o coordenador da FUP.
[FUP]