A falta de legitimidade do atual governo federal para tomar decisões tão importantes como a venda e fechamento de diversas unidades do Sistema Petrobrás foi consenso entre a maioria dos empresários, representantes do governo do estado da Bahia e dirigentes sindicais, que participaram do Seminário “O Papel da Petrobras na Economia da Bahia”, na segunda-feira, 07/05, das 14h às 18h, no auditório do SENAI CIMATEC, em Salvador.
O seminário foi realizado pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, da Câmara dos Deputados e teve como proponente, o presidente da comissão, deputado federal Daniel Almeida (PCdoB/BA). Os convidados debateram sobre as mudanças na Petrobrás e seus impactos sociais, no mundo do trabalho e na economia do estado, como a venda de 60% da RLAM, com dutos e terminais, a exemplo da Transpetro, e o fechamento da FAFEN.
De acordo com o deputado Daniel Almeida a atual direção da estatal “pretende transformar a Petrobrás em um escritório de intermediação de interesses das multinacionais do petróleo. E isso nós não vamos permitir. O Brasil está na contramão dos movimentos, que outras nações, outras economias, fazem pelo mundo afora”
Para o diretor do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, que estava representando a FUP, é um absurdo o presidente da Petrobrás se recusar a participar de um evento oficial da Câmara dos Deputados. Ele afirmou que “diante das decisões absurdas e prejudicais aos trabalhadores e à economia da Bahia, Parente deve explicações ao povo baiano”.
Radiovaldo afirmou que a Petrobrás está sendo saqueada, de forma institucional. “E quem saqueia tem pressa, por isso a direção da estatal toma uma medida atrás da outra, para entregar o patrimônio brasileiro antes das eleições de outubro”, denuncia Radiovaldo, que lamenta que “as unidades estejam sendo vendidas com preços extremamente reduzidos em relação ao que de fato valem, como é o caso das plataformas P-59 e P-60, vendidas por 10% do valor da sua construção e o Complexo Petroquímico de Suape, em Pernambuco, vendido por algo em torno de 15% do valor investido”.
O vice-governador da Bahia, João Leão, criticou o desinvestimento da Petrobrás no estado, “essa história do presidente da Petrobrás de hibernar a FAFEN é loucura, é coisa de quem não entende do sistema, de como funciona. A empresa tem um material altamente corrosivo, que se parar, vira tudo ferrugem”, reprovou Leão. Para ele é inadmissível fechar a FAFEN, pois a consequência será a quebra de uma série de outras empresas e um grande número de desempregados.
O diretor do Sindiquímica, José Pinheiro, ressaltou que o fechamento da FAFEN vai causar um impacto muito grande nos setores petroquímico e de fertilizantes. Pinheiro explicou que muitas empresas do Polo Petroquímico de Camaçari precisam da amônia como matéria prima, que é o caso da Acrinor/ Proquigel, Oxiteno, Monsanto, IPC do Nordeste, CPC, Carbonor (essa depende do gás), White Martins e Copenor. “Com a saída da FAFEN essas empresas estão praticamente com os dias contados”
O representante da FIEB (Federação das Indústrias do Estado da Bahia), Roberto Fiamenghi, também criticou o fechamento da FAFEN e as consequências negativas desse ato, “as empresas vão ter que importar com custos altíssimos, o que pode inviabilizar algumas dessas unidades. A Carbonor, que depende do gás carbônico, não tem opção, vai fechar”
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[Via Sindipetro-BA]