Cinco anos após o assassinato do líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Campos dos Goytacazes, Cícero Guedes dos Santos, o acampamento Luiz Maranhão, em Cambaíba, volta a ser cenário de um crime bárbaro. Na madrugada do último sábado, 28, o militante Edson Marcos Galdino, 49 anos, foi morto a tiros na estrada que corta a localidade.
De acordo com a imprensa local, Marcos estava em frente ao acampamento e foi encontrado morto pela manhã, por um filho adolescente. Testemunhas contaram ter ouvido disparos por volta de 0h30.
Em nota, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro (CTB RJ), a Federação Estadual dos Trabalhadores em Agricultura Familiar – Rio de Janeiro (FETAGRI-RJ) e a Federação Estadual dos Trabalhadores na Agricultura – Rio de Janeiro (FETAG-RJ) manifestaram pesar e repúdio pelo assassinato do trabalhador.
“Marcos era um dos membros do Acampamento Luiz Maranhão, que trava sua luta pelo direito à terra na região da Usina Cambaíba em Campos dos Goytacazes. A Usina é famosa por ter sido usada para queimar militantes e prisioneiros políticos durante a Ditadura Militar. Esse assassinato é mais um brutal crime contra os trabalhadores do campo, realidade contra a qual a CTB, a FETAG e a FETAGRI lutam diariamente”, protestam as entidades.
O crime está sendo investigado pela 134ª Delegacia de Polícia, do Centro de Campos. As entidades reivindicaram empenho das autoridades para que o caso seja elucidado. “Exigimos que todas as autoridades competentes se mobilizem e respondam a mais esse crime absurdo que acontece em nosso Estado. No Rio de Janeiro da Intervenção Militar, matam-se vereadoras, matam-se trabalhadores rurais, e nenhuma resposta é dada pelos organismos da administração pública. Na cidade e no campo lutamos por democracia e justiça e não descansaremos até que os responsáveis sejam encontrados, julgados e paguem por seus crimes”, manifestaram.
MST manifesta indignação
Também em nota, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio, repudiou o assassinato, registrou indignação e lembrou que a antiga usina Cambaíba “possui um histórico de repressão aos trabalhadores desde a utilização do trabalho análogo à escravo até incinerações de corpos de trabalhadores e militantes que lutavam contra a ditadura militar brasileira, casos estes ainda sob investigação na Comissão da Verdade e Justiça”.
“São mais de 18 anos de luta pela conquista das terras neste complexo de fazendas onde está instalado o acampamento Luis Maranhão, convivendo com constantes perseguições e mortes aos trabalhadores, como foi o caso da morte de Edson Marcos Galdino, morto no acampamento onde reivindica a imissão de posse deste latifúndio improdutivo, até hoje negado pelo poder judiciário e destratado pelo Incra”, continuou a nota do MST.
Para o movimento, o assassinato “é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos Sem Terra e da lentidão do Incra para assentar as famílias e fazer a Reforma Agrária, o medo existente e a violência são os efeitos da inoperância e do descompromisso com a reforma agrária”.