Chegou a conhecimento internacional que a Shandong KERUI Petroleum Equipment Limited, “KERUI”, assinou um contrato com a Petrobras de aproximadamente R$1,95 bilhões para a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) em Itaboraí (RJ). O contrato foi assinado com a Sociedade de Propósito Específico (SPE) formada pela KERUI e a empresa brasileira Método Potencial.
Segundo a Petrobras, a unidade integra o projeto Rota 3, destinado ao escoamento da produção de gás natural do campo de Mero, entre outros campos do pré-sal da Bacia de Santos. As obras começam ainda no primeiro semestre deste ano, com previsão de início de operação no segundo semestre de 2020. O projeto da planta de tratamento de gás natural será a maior planta deste tipo no Brasil.
A finalização da planta da estação de processamento aumenta o transporte e a capacidade de processamento de gás natural de 23 milhões de metros cúbicos para 44 milhões por dia. Atualmente, no RJ, há somente duas UPGNs, a Reduc e a Cabiúnas, cuja capacidade está em 20,90 milhões de metros cúbicos por dia, segundo o Ministério de Minas e Energias. A obra encabeçada pela KERUI conta com o dobro desta capacidade atual, além de equivaler a quase metade da capacidade nominal brasileira atualmente, em 95,65 milhões de metros cúbicos por dia.
Apesar de auxiliar na aceleração do projeto da UPGN, a presença da KERUI apresenta desafios ao país. Primeiro, a Petrobras está trazendo empresas estrangeiras para atuar em segmentos cruciais para suas operações no pré-sal. Por exemplo, na parte de refino, a CNPC assinou um memorando de entendimento com a estatal para atuação futura da empresa no complexo petroquímico do Comperj e em outros segmentos de petróleo e gás natural do RJ.
No caso da KERUI, os 2 bilhões que a empresa receberá poderiam ter sido direcionados a empresas brasileiras que usem substancialmente mão-de-obra local e invistam em P&D no Brasil. Além disto, a obra que ela fará tem grande importância no escoamento e processamento do gás natural explorado na Bacia de Santos. Portanto, a estatal se coloca em uma posição de sujeição a uma construtora cujas regras e procedimentos estão submetidas ao governo chinês, assim como incentiva tecnologia e crescimentos chineses.
Os investimentos da Petrobras, apesar de terem retomado algum folego em 2017, diminuíram muito nos últimos dois anos e deram espaço para empresas estrangeiras, as quais estão adquirindo possibilidades de desenvolvimento de P, D & I em uma área sensível no país. A abertura de espaço da estatal para estrangeiras reflete uma política de desmonte pautada no enfraquecimento do conteúdo local e dos investimentos em infraestrutura energética nacional. Ambos os casos têm extrema importância para o desenvolvimento brasileiro.
Fonte: ineep.org.br