O coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia entregará uma notícia-crime ao Ministério Público nesta quarta-feira (28) sobre as ameaças sofridas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a viagem de sua caravana pelo sul do país. De acordo com a advogada Tânia Mandarino uma pessoa ligada ao Movimento Brasil Livre (MBL) estaria envolvida nos ataques a tiros contra a caravana.
Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Tânia conta que as denúncias enviadas ao coletivo chegam a quase 100. Segundo ela, há o registro de uma conversa em grupo no WhatsApp mostrando a intenção de planejar o atentado ocorrido nessa terça-feira contra dois ônibus da caravana no caminho entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. “Para nosso espanto, na noite de ontem (27), nós triamos uma denúncia baixada na noite anterior na qual, em um grupo de Whatsapp, pessoas da região oeste do Paraná planejavam tudo o que aconteceu ontem: compra de miguelitos para jogar na frente do ônibus, compra de armas no Paraguai para atirar no ônibus… Então esse é o foco central da nossa denúncia hoje”, conta.
Tânia falou sobre quem faria parte desse grupo. “Nós temos a identificação de uma delas, completa, que é uma pessoa ligada ao MBL, com propriedade de forte arsenal armamentista inclusive. O restante do grupo será identificado– é o que se pede ao Ministério Público – através dos números que estão nas telas printadas enviadas como denúncia”, relata. “São cerca de cinco pessoas, o que caracteriza organização criminosa, formação de quadrilha, prática de atos terroristas, e nosso pedido vai ser para que o Ministério Público averigue a prática de homicídio tentado qualificado como um crime de perigo abstrato”, denuncia.
No mesmo grupo de Whatsapp, a advogada relata que alguém sugere trocar ovos (que foram atirados contra os ônibus em passagens da caravana) por bala de borracha e munição letal. “Outra pessoa diz que gosta da ideia e que seria o primeiro a atirar. Já outro diz que vai no Paraguai comprar a arma, porque ‘era o jeito'”, conta.
Segundo ela, todos ataques são direcionados a Lula, incentivados por milícias de ruralistas. A advogada conta que recebeu diversos vídeos com as ameaças. “As pessoas produziram provas contra si mesmas nesse processo”, diz.
Nesta quarta, o ex-presidente Lula encerra sua caravana em Curitiba, na Praça Santos Andrade, no Centro, às 17h. Ainda hoje, a capital paranaense recebe mais dois atos: um com o deputado federal e candidato à presidência, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), e outro do MBL contra o ex-presidente.
“O que o MBL vai fazer hoje aqui é de responsabilidade deles. Vamos manter nosso ato em defesa da democracia e que essas pessoas sejam responsabilizadas”, conclui a advogada.
[Via Rede Brasil Atual]